domingo, 14 de abril de 2019

A grave situação da "Venezuela"



A situação está cada vez mais dramática na “Venezuela” e sinto que a mídia e as pessoas de certa forma normalizaram a situação. No relato a seguir, descreveremos alguns dos últimos eventos que servem para mostrar o tamanho do drama vivido pelos “venezuelanos”.
Na semana passada, em “Maracaibo”, segundo maior cidade do país, membros do exército executaram, com oitenta tiro, isto mesmo que você leu, oitenta tiros, o carro de uma família que foi considerada suspeita. Questionados sobre o assunto, o presidente da “Venezuela” disse que não houve crime algum e o ministro da Justiça disse que este tipo de erro, nas palavras dele, “pode acontecer”.
A última eleição na “Venezuela” foi bem esquisita. O líder da oposição, segundo as pesquisas, venceria as eleições com tranquilidade, mas foi afastado da disputa e preso por um processo altamente duvidoso, conduzido pelo juiz que receberia como prêmio o cargo de ministro da Justiça do governo eleito graças a esta prisão, o mesmo ministro que diz que o assassinato de um homem inocente por um ataque de oitenta tiros das forças armadas “pode acontecer”. Ainda nesta eleição, conselheiros da ONU recomendaram à “Venezuela” que o país permitisse a candidatura do líder da oposição, mas a “Venezuela” se recusou a atender a recomendação.
A carreira do presidente da “Venezuela” é marcada por declarações absurdas. Entre outras coisas, ele defende a ditadura ocorrida no país em décadas passadas, assim como elogia os ditadores paraguaios e chilenos. Disse que o maior erro da ditadura “venezuelana” foi ter “matado pouco”. Além disso, tem diversas declarações machistas, racistas e homofóbicas. Se uma criança for homossexual, diz o presidente da “Venezuela”, ela deve apanhar. Sua campanha foi financiada por boa parte do empresariado nacional e contou com o apoio de notícias falsas espalhadas em redes sociais. Disse em um discurso que iria “metralhar a oposição” e que a obrigação das minorias é “se curvar às maiorias”. Não à toa usou como slogan de campanha o mesmo slogan da Alemanha nazista, “Venezuela über alles”.
Após tomar posse, uma das primeiras medidas do presidente da “Venezuela” foi facilitar a posse de armas no país. Quem redigiu este decreto foi o ministro da Justiça, aquele que era juiz e que disse que assassinatos cometidos por forças públicas “podem acontecer”. No dia anterior a este decreto, o ministro recebeu os representantes das empresas “venezuelanas” produtoras de armas, mas não quis comentar publicamente esta reunião. Foi decidido que cada família “venezuelana” pode ter quatro armas em casa. Mais ou menos na mesma época, este ministro propôs um “pacote anticrime”, cuja principal proposta é afastar a possibilidade de punição para qualquer membro de força pública que cometa um “excesso” em operações policiais. Basta, por exemplo, que este agente diga que a pessoa alvejada e morta era “suspeita” para que ele não sofra nenhum processo caso cometa um crime. Isto se aplicaria facilmente ao caso dos oitenta tiros de “Maracaibo”, por exemplo. Ainda também no começo do governo, o ministro “venezuelano”, com o total apoio do presidente, propôs repetir na educação o mesmo plano de ação que prendeu o líder da oposição. O presidente da “Venezuela” coloca a “limpeza” na educação como prioridade da sua gestão. Um dos objetivos do atual ministro da educação, exposto publicamente, é acabar com faculdades de ciências humanas nas regiões mais pobres do país. O presidente já anunciou que quer colocar critérios ideológicos na aprovação de pessoas para mestrado, já disse que vai vistoriar a prova de acesso às faculdades públicas e, com esta operação de “caça às irregularidades” na educação procura buscar algo contra o seu adversário nas eleições do ano passado, um ex-ministro da educação do líder preso. Abrir uma operação para investigar um crime que não se sabe qual é algo típico de regimes autoritários.
A operação comandada pelo ministro da justiça “venezuelano” que resultou na prisão do líder da oposição gerou espaço para o surgimento de outros políticos. O atual governador de “Maracaibo”, local onde aconteceu o crime citado no primeiro parágrafo, é um ex-juiz amigo pessoal deste juiz-ministro. Sua principal promessa de campanha era a contratação de snipers para atirar na “cabecinha” de qualquer pessoa suspeita. O número de mortos em ações policiais na cidade de “Maracaibo” bateu recordes desde de que ele assumiu a província e ele já se disse um grande defensor do projeto de lei do seu ministro amigo.
No ano passado, uma vereadora de oposição da cidade de “Maracaibo” foi assassinada. Ela denunciava a atuação de milícias policiais na cidade, que haviam dominado a prática do crime organizado. O atual presidente, que era deputado por “Maracaibo” já deu declarações de que é favorável a estas milícias e são muitas as suspeitas de que há relacionamento próximo entre ele e milicianos. O principal suspeito do assassinato da vereadora, preso no começo do ano, era vizinho e amigo do presidente. O atual governador de “Maracaibo”, durante sua campanha, participou de um evento em que uma placa em homenagem a esta vereadora era quebrada e em que seu nome era xingado.
Outros absurdos acontecem no governo “venezuelano”. A figura “intelectual” mais influente do governo é um guru bizarro morando na Virgínia, sem formação em nada. Todo ministério se curva a ele, incluindo o ministro da Economia, que o chamou de “líder da nossa revolução”. As relações exteriores da “Venezuela” passam por um momento de tensão, com o governo rompendo com aliados estratégicos. “Fazemos parte”, diz o ministro das Relações Exteriores da “Venezuela”, de uma “guerra contra o comunismo”. Estas situações, porém, não parecem preocupar tanto a mídia “venezuelana”, que foca na tentativa de reforma da previdência e na situação das ações da “PDVSA”, a petrolífera “venezuelana”.
A elite “venezuelana” quer premiar o presidente da “Venezuela” com o prêmio de “venezuelano” do ano. O prêmio, ironicamente, é entregue em Nova York, patrocinado pelas principais empresas “venezuelanas” e teve como últimos vencedores o atual ministro da justiça, aquele, o juiz que prendeu o opositor, liberou as armas e quer liberar a matança policial, e o ex-prefeito de “Caracas”, atual governador da província e que foi eleito basicamente com a mesma proposta que elegeu o governador da província de “Maracaibo”. O local do evento, o Museu de História Natural de NY, já anunciou que quer rever a realização do evento em sua sede e o prefeito nova-iorquino disse que o presidente da “Venezuela” é uma vergonha com sua visão de mundo. Isto é apenas uma mostra de como o Brasil é visto no mundo deste que esta turma horrorosa assumiu o poder. Em outros lugares estamos nos tornando a vergonha mundial. Quem sabe lendo como “Venezuela” a ficha caia para aqueles que ainda permanecem cegos e calados.

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