Eleitores de Dilma Rousseff têm
sido confrontados em muitos momentos pela frase: “foi você quem pôs o Temer lá”.
Algumas vezes seguido pela foto da urna com a cara dos dois, é um dos argumentos
mais usado por aqueles que querem dar alguma legitimidade ao processo que
resultou no afastamento de Dilma e colocou no lugar uma pessoa sem votos,
tentando de certa forma culpar os eleitores dela pela ascensão de Temer. O
objetivo deste pequeno texto é mostrar a pobreza deste argumento, refletindo
sobre as razões de tanta gente repeti-lo de forma impensada.
Para os cargos do Executivo, não
votamos em pessoas e sim em projetos chefiados por indivíduos. No Brasil entre
1994 e 2014, tivemos dois partidos polarizando a disputa pela Presidência da
República com dois projetos distintos, PT e PSDB. Embora semelhantes em muitas
coisas, estes dois projetos apresentavam diferenças que levavam eleitores a
escolher por um projeto ou outro. No do PT, tende a prevalecer a ideia de que o
Estado deve ter maior interferência na economia, o Banco Central não deve ser
autônomo e um aumento na carga tributária é justificado por um aumento nos
gastos sociais. No do PSDB, prevalece a ideia de que o Estado deve ter menor
interferência na economia, com um número maior de privatizações, autonomia do
Banco Central e redução na carga tributária e dos gastos públicos, mesmo que
isto signifique redução nos gastos sociais. Não há aqui juízo de valor, há
apenas a descrição das maiores diferenças que acabam por fazer um eleitor optar
por um ou por outro projeto.
Vivemos numa democracia de
consenso. Na última eleição, por exemplo, o partido que mais elegeu deputados
foi o PT, formando sozinho apenas 13% da Câmara. Para se obter uma maioria que
permita a governabilidade, deve-se, portanto, buscar uma coligação com outros
partidos dispostos a fazer parte do seu projeto de governo, procurando pontos
em comum e cedendo cargos para que estes outros partidos sintam que possuem uma
participação real na administração. Um destes cargos é a vice-presidência.
Buscando a citada governabilidade, em 2010 o PT buscou o PMDB para a formação
de uma chapa, chefiada pelo primeiro e com os princípios já citados no primeiro
parágrafo. O objetivo aqui não é discutir sobre o fato do PT ter escolhido o
parceiro errado, pois creio que isto já ficou claro, é apenas apresentar a
forma como isto acontece e mostrar que a democracia consensual funciona desta
forma. Nas seis eleições entre 1994 e 2014, das doze chapas chefiadas por PT ou
PSDB, apenas em duas o cargo de vice não foi dado a outro partido: Lula –
Mercadante em 1994 e Aécio – Aloysio Nunes em 2014.
Na eleição de 2014, como nas cinco
anteriores, tínhamos estes dois projetos disputando o segundo turno. De um lado
o projeto petista chefiado por Dilma Rousseff, e do outro o projeto tucano
chefiado por Aécio Neves. Ao final da eleição, decidiu a maioria pela
continuidade do projeto liderado pelo PT. Boa ou não, esta foi a vontade da
maioria, e respeitá-la é a base do funcionamento do modelo democrático. Um ano
depois, o vice Michel Temer se virou contra este projeto e passou a conspirar
contra a líder do Executivo. Sendo bem-sucedido em seu plano, assumiu a presidência e convidou o lado
derrotado em 2014 para governar e implantar seu projeto de governo,
rejeitado nas últimas quatro eleições. Esta é uma das principais razões para que
Temer e seu governo não possuam legitimidade no cargo. Sem discutir a forma como o processo de impeachment foi conduzido, seu projeto não
representa a vontade da maioria que se expressou democraticamente em 2014. Falo isto novamente
sem juízo de valor sobre qual projeto é melhor para o país.
O argumento de que o voto em
Dilma foi o voto em Temer é típico de um pensamento pobre e personalista, que
enxerga a política como uma disputa entre pessoas e não entre ideias e projetos.
Existe no Brasil uma ausência de cultura política, mesmo entre a elite que se
considera melhor educada, muitas vezes incapaz de aceitar o fato de que a
maioria da população quer o país sendo dirigido de uma forma que não a agrade.
A educação é pensada como uma forma de gerar mão-de-obra, e não como uma forma
de gerar cidadania e senso crítico. Por isso, a discussão política no Brasil se
transformou num bando de pessoas mimadas querendo simplesmente ganhar uma
discussão a qualquer custo, sem nenhuma preocupação em gerar pensamento e reflexão. A
vitória em 2014 não foi da pessoa Dilma, e sim do projeto de governo por ela
chefiada. Projeto este que foi derrubado por seu vice, que passou a governar
com o outro projeto que foi derrotado. Digo mais uma vez, não tento neste texto fazer um juízo de valor sobre a
qualidade dos projetos. Mas o faço sobre a derrubada daquele que representa a
vontade da maioria e a colocação em prática do outro que foi rejeitado. O
projeto chefiado por Dilma é diferente do projeto chefiado por Temer. Quem
colocou este último no governo não foram os eleitores da petista. Por isso,
não, quem votou em Dilma não votou em Temer.
Meu deus, alguém não leu a constituição
ResponderExcluirParece que você não fez sua lição, se gritou fora Dilma porque não berra fora Temer. Usando seu próprio argumento.
ExcluirParece que você não fez sua lição, se gritou fora Dilma porque não berra fora Temer. Usando seu próprio argumento.
Excluirveja (...)
ExcluirO povo votou na Dilma, e o PT votou no Temer. O projeto do governo petista foi um desastre, ainda mais chefiado pela Dilma. Se for para o Temer assumir, e continuar com o barco furado do PT, não faria sentido algum essa troca. Politicamente o projeto de governo do Temer é muito mais evoluído e próspero, apesar de não ser ainda o ideal para o Brasil.
ResponderExcluirMais evoluído e próspero?
ExcluirDá uma olhada nessa página, amiga: http://alertasocial.com.br/linha-do-tempo/
O projeto do governo petista não foi um desastre. Você acha que após ser reeleita a Dilma pôde governar? Como se governa durante um golpe? O golpe não foi só em abril/maio, ele começou desde que o resultado das urnas saiu.
Esse texto do final do ano passado resume a idéia: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/como-dilma-poderia-fazer-mais-do-que-fez-sendo-sabotada-desde-antes-de-assumir-o-novo-mandato-por-paulo-nogueira/
O tal Greg raciocina com o fígado ou vê J.NACIONAL demais, lê Globo demais, lê veja demais...
ExcluirSabe de nada inocente.
Sabe de nada !!
ExcluirAi ai! Foi GOLPEEEEEEE contra a Dilma!!
Não foi bem assim! Em alianças políticas presidente entra com um programa e com os votos e vice com base parlamentar. Temer não teve programa próprio, foi eleito com programa do PT. Seguindo a tua lógica, quem gritou fora Dilma tem que gritar fora Temer também.
ExcluirEste povo que fica nas páginas do PT é pago com o dinheiro dos nossos impostos para tumultuar.
ExcluirLembra do caso do Gravataí Merengue que recebia do Governo Alckmin 140 mil reais por mês para difamar Lula, Dilma e o PT no blog dele? Aqui o povo ganha 10, 20 reais por dia.
Desastre estamos vendo agora. 12 horas diárias de trabalho, aposentadoria aos 70 anos, regulamentação da profissão de biscateiro, ganhando por hora trabalhada, adeus carteira assinada, adeus férias e 13°... Certamente tu não deves estar ganhando com isso, só os grandes empresários estão. Eles com certeza estão tratando de seus negócios, não estão falando bobagens na net. Aos que fazem esse serviço, eles pagam. Estás levando quanto?
ExcluirEste povo que fica nas páginas do PT é pago com o dinheiro dos nossos impostos para tumultuar.
ExcluirLembra do caso do Gravataí Merengue que recebia do Governo Alckmin 140 mil reais por mês para difamar Lula, Dilma e o PT no blog dele? Aqui o povo ganha 10, 20 reais por dia.
Quer refazer seu comentário sobre o projeto do temer?
ExcluirEssa parte do texto foi feita para você.é típico de um pensamento pobre e personalista. Analfabeto político.
ExcluirEstou vindo do futuro para lhe trazer más notícias
Excluirkkkkkkkkkkkkkkk desculpa típica de petistas. Votei duas vezes no lula, no final de seu mandato ele já não pensava mais no povo, só no bolso dos "companheiros". Dilma chegou aí acabou com o Brasil. Temer é melhor que Dilma. Isso é muito claro e evidente. Mas prefiro Bolsonaro.
ResponderExcluirTemer é muito melhor que Dilma mesmo, olha só: http://alertasocial.com.br/linha-do-tempo/
ExcluirSe teu argumento fosse verdadeiro, Lula não teria eleito Dilma no primeiro mandato. Ela se reelegeu no segundo. A verdade é que ratos golpistas tomaram o poder para poderem implementar um programa que não foi votado nas urnas. O que o povo ganhou com isso? 12 horas diárias de trabalho? Aposentadoria aos 70 anos? Legalização da profissão de biscateiro ganhando por hora? É isso que tu defendes?
ExcluirTemer é melhor onde? Na ponte para o passado? Parabéns, Temer acaba de votar projeto que legaliza a volta da escravidão. Trabalhar 12 horas por dia, se aposentar aos 70 anos, perder a CLT era o seu sonho?
ExcluirPalmas, você o realizou.
Temer é melhor onde? Na ponte para o passado? Parabéns, Temer acaba de votar projeto que legaliza a volta da escravidão. Trabalhar 12 horas por dia, se aposentar aos 70 anos, perder a CLT era o seu sonho?
ExcluirPalmas, você o realizou.
Vocês realmente leram a reforma trabalhista de Temer ou viram na mídia manipulada por João Santana???
ExcluirEXCELENTE texto
ResponderExcluirEXCELENTE texto
ResponderExcluirQuem colocou o Temer na chapa da Dilma!?
ResponderExcluirOk, o texto é muito bom!
ResponderExcluirMas a realidade é que uma pequena minoria vota pra escolher o melhor projeto de governo. A maioria são de classe baixa sem acesso a educação de QUALIDADE, sem opinião própria. Por costa disso, como o próprio Lula disse em campanha, grande parte dos brasileiros trocam voto por um prato de comida, achando que é muito, sem saber que eles tem direito a muito mais! O Lula só esqueceu de dizer que enquanto ele dá um pão duro pra matar a fome do povo, o banquete dele só cresce!
O problema do Brasil vai muito além de um governo corrupto ou golpista!
Parabéns excelente texto. Quem responde de forma negativa ao que foi escrito também tem opinião válida, o conflito de ideias sempre é interessante. O confronto que é ruim, confronto este revelado em respostas agressivas e debochadas, mostrando imaturidade quando o assunto é política.
ResponderExcluirAceitem ou não, votou(e elegeu) sim!
ResponderExcluirhttp://www.ilisp.org/artigos/michel-temer-foi-eleito-pelo-voto-popular-e-quem-o-elegeu-foi-voce-esquerdista/
Uma dica. Não leve este ilisp a sério. Trata-se do que há de pior neste país. Gente que se diz "liberal", mas claramente nunca leu um clássico do liberalismo.
ExcluirCara Cy... Antes do Estado Novo, sob Vargas votava-se em pessoas. Votava-se para presidente, para vice presidente independentemente de partido. Um não tinha ligação com o outro. Eram eleitos separadamente. Mas desde essa época (anos 1950) isso não é mais assim. Vota-se em CHAPAS, compostas por dois integrantes. Assim, ninguém votou em Dilma ou em Temer, mas sim na CHAPA Dilma/Temer, quer se arrependam ou não.
ResponderExcluirA propósito, se me lembro bem, o cotado para ser o vice de Dilma era o Mercadante mas, de súbito, vocês mudaram de idéia e puseram quem na chapa mesmo? Ah... isso... Michel Temer!!! E (se não houve chucho com as urnas como especializam insistem que houve), o povo aprovou essa mesma CHAPA.
Outra coisa: A constitucional razão de existir do vice é a substituição do cabeça-de-chapa (inclusive no caso de impedimento desta, condição que se realizou) e não renunciar em amor ou lealdade a ela! (afinal, o Brasil não é parlamentarista e isso só acontece sob esse regime, como a Inglaterra, por exemplo que, quando cai o Primeiro Ministro cai a cambada toda). Então, minha cara... infelizmente a CHAPA eleita tem a legitimidade dos votos e não os indivíduos que ela compõem.
Achei meio fraca a argumentação. Se o plano do PT era tão bom, porque precisou mascarar 55 bi de gastos em uma conta que não passou de 1 bi em toda gestão FHC e Lula?
ResponderExcluirAntes do legítimo e democrático processo de impeachment o Temer ainda tentou fazer a articulação pela Dilma. Porém a na hora H a hábil Dilma não honrou os acordos que Temer havia costurado na articulação de seu governo.
A campanha da Dilma foi um estelionato eleitoral de ponta a ponta. Teve pedalada, propagandas em sua maioria difamatórias e nunca programáticas, ausência de programa de governo sendo efetivamente o um cheque em branco que deu no que deu. Como se tudo isso não bastasse ainda sai o seguinte resultado da auditoria da votação feita pelo TSE: "não temos como saber se houve fraude eleitoral ou não pois o processo não tem como ser auditado". Quando foi pedido a inclusão de recibo impresso do voto eletrônico, o pedido foi negado alegando custos altos. Não interessa se houve a fraude, mas um processo que não tem como ser auditado certamente não é democrático, quase por definição, não?
Assim que eleita a Dilma foi forçada a aceitar parcialmente a realidade fiscal e tentar algum ajuste, completando o estelionato eleitoral e a campanha mais suja que já vi (apenas difamando adversários sem apresentar propostas concretas).
Mesmo depois de tomar o toco na articulação política da Dilma e abandonar o cargo o Temer e o PMDB tentou puxar uma discussão mais ordenada em relação a "ponte para o futuro". A Dilma ignorou completamente a iniciativa, sendo que poderia aproveitar o gancho para trazer mais realismo junto com participação popular para as importantes reformas que o país precisa.
Logo temos de um lado um processo eleitoral altamente questionável que além de abusar da vantagem do incumbente ainda cometeu crime fiscal. O povo adora repetir o discurso de golpe sem explicar porque não houve crime fiscal, quando 55 bi foram inequivocamente pagos referente a ajustes de contas do tesouro. Do outro lado temos um processo previsto na constituição, altamente democrático que necessita de vasta maioria na câmara E no senado.
Esse impeachment enriquece nossa democracia. O discurso de golpe para defender um projeto de poder de um braço do foro de são paulo (que foi o que o PT se tornou) é que traz o autoritarismo do passado novamente na pauta. Uma tristeza que tanta gente apoie políticos sem perceber que no fim é sempre o povo contra os políticos e as elites (elite mesmo são os 1-2% não os 10-20%). O PT apenas centralizou ainda mais o poder nesse país oligarca que vivemos, basta olhar como cresceu o papel do BNDES na economia e como os amigos do rei ganharam crédito subsidiado com o imposto do cidadão comum, enquanto o cidadão comum cai no rotativo de 450% ao ano.
Acorda Brasil! Antes que seja tarde demais. O Temer é só um tampão até 2018, e chegando la a esquerda festiva que vive nos bares badalados das grandes metrópoles vai votar no Ciro Gomes, mais um integrante ferrenho do Foro de São Paulo.
Viva La Revolucion?!?!
Destaco o ponto em que o(s) autor(es) do texto diz(em) sobre
ResponderExcluir"pensamento pobre e personalista, que enxerga a política como uma disputa entre pessoas e não entre ideias e projetos.
A política no Brasil é exatamente isso. Enxerga pessoa e não ideias. É prioritariamente personalista.
Os políticos sabem disso, Dilma e Lula sabem disso. Se Lula não fosse às ruas conquistar votos pra Dilma, é pouco provável que ela tivesse vencido apenas por seus projetos.
Durante as eleições de 2006 trabalhei com pesquisa política no norte, nordeste e Centro Oeste do país e nenhuma, exatamente nenhuma pessoa entrevistada conheciam ou tinha lido sobre os projetos do governo Lula. Elas simplesmente iriam votar na pessoa do Lula.
Arrisco dizer que mais da metade das pessoas que votaram na Dilma (por força da pessoa do Lula) sequer sabiam os motivos para o vice ser o Temer e é bem provável que tenham tomado ciência disso apenas na urna ou na propaganda política na TV.
Porque os políticos buscam pessoas famosas para estampar suas campanhas? Se fosse apenas pelos projetos, qualquer cidadão serviria.
Não concordo com a afirmação de que quem votou na Dilma também votou no Temer, mas os argumentos usados no texto só servem mesmo para uma minoria bem mini. Não é o caso!
Eu votei na Dilma pelo que ela representa, pelo projeto que ela apresenta. Não votei no Temer, por saber exatamente que é uma figura nefasta, cinica e usurpadora, e que seu unico projeto é favorecer empresários, o mercado e os Estados unidos, comprando votos dos parlamentares com nosso dinheiro.
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