segunda-feira, 28 de julho de 2014

Sabe de quem é a culpa?



          Dois povos se odeiam. Eles vivem no mesmo território, dizem que são donos de tudo e vivem guerreando. Sabe de quem é a culpa? De quem os pôs lá. No caso específico do conflito Israel – Palestina, os grandes culpados não são nem israelenses nem palestinos. São os europeus.
                Não sei ao certo quando os judeus chegaram na Europa, estou longe de ser um especialista no assunto. Sei, porém, que desde muito tempo eles foram perseguidos no velho continente. O Holocausto foi o final de uma longa história de ódio e preconceito que culminou com um dos mais terríveis genocídios da história da humanidade. Judeus foram perseguidos na Inquisição, dos séc. XVI ao XIX, tendo suas famílias obrigadas a mudar de nomes e religião. A Europa sempre os tratou como sub-humanos, como seres a serem banidos da vida cotidiana. Foram anos de ódio silencioso, tempo que permitiu que boa parte da população europeia assistisse ao extermínio dos anos 1940 de braços cruzados.
                O sionismo surgiu no final do séc. XIX. Cansados dos séculos de perseguição, um grupo de intelectuais judeus chegou à conclusão de que era necessária a criação de um estado judeu e que apenas este estado poderia acabar com a eterna peregrinação do seu povo. Como eles já entendiam que na Europa nunca teriam paz, julgaram que seu estado deveria ser no que chamam de Terra Santa, de onde foram expulsos milênios antes e que naquela época era um domínio do império Otomano.
                Tudo mudaria com a 1ª Guerra Mundial. Dispostos a receber os recursos que os judeus possuíam (eles sempre prosperaram economicamente), os ingleses prometeram, em caso de vitória, a criação do estado de Israel. Para isso, exigiam que a comunidade judaica, claro, ajudasse-os no conflito contra a Alemanha e o Império Otomano. Assim os judeus, inclusive os alemães, caíram na armadilha e financiaram economicamente os ingleses no conflito. E eis que a Inglaterra não cumpriu sua promessa após a guerra, transformando a Palestina em parte de seu domínio imperial. Era a faísca necessária para transformar um ódio silencioso em fome de extermínio nos países derrotados. Isto ajudou a permitir que alguém com o discurso com o de Hitler chegasse ao poder e fizesse o que fez. Achar que o Holocausto foi fruto apenas de uma pessoa nada mais é do que uma forma de simplificar o que ocorreu e de livrar toda a sociedade de uma culpa coletiva. E não me refiro apenas à população alemã, mas a toda população da Europa ocupada. Refiro-me ao Leste Europeu, à França e ao Vaticano. Hitler não conseguiria fazer o que fez se não contasse com a conivência de uma população em transe, livrando-se daqueles por quem sentiam um ódio primitivo.
                Acabada a guerra, os judeus, quase exterminados, não tinham mais para onde ir dentro da Europa e, na posição de vítima, contaram com o apoio americano para a criação do estado judeu na Palestina. A comunidade judaica era capaz de pressionar economicamente o governo americano, que por sua vez forçou a Inglaterra a cumprir sua promessa de 3 décadas antes e a ceder o território para esta nova nação. Os judeus poderiam, finalmente, deixar a Europa que sempre os perseguiu. Naquela terra dada pela Inglaterra, porém, já tinha muita gente morando. Mas isto não era mais problema inglês. Jogou-se o problema nas mãos da recém-criada ONU, que dividiu a região da seguinte forma: 25% seria o estado judeu (Israel) e 75% seria o estado árabe (Jordânia). Os países árabes não aceitaram esta divisão e passaram desde então a usar o povo palestino como marionete em sua guerra religiosa. Conclamados por Egito, Jordânia e Iraque, os palestinos abandonaram a região, com a promessa de que em troca teriam todo o território após a aniquilação dos judeus da região. Estes, porém, já sabiam o que era uma tentativa de aniquilação. E desta vez sabiam que tinham que se armar até os dentes contra isso. E contavam com o apoio americano. E tinham um estado. Venceram esta e todas as outras guerras contra os países árabes, que até hoje usam a população palestina como escudo. É triste, mas somente duas coisas permitem a existência do estado judaico hoje: armas e EUA. Se a situação fosse inversa, com os países árabes tendo o armamento israelense e vice-versa, o Estado israelense já não existiria mais. E o palestino provavelmente também não. Egito, Síria e Jordânia se lixam para os palestinos.
                A origem de todos os problemas de hoje da região é a Europa. A perseguição de um lado, o imperialismo britânico do outro. Tanto judeus quanto palestinos são vítimas e refugiados. Israel no fundo é isto, um grande campo de refúgio para os dois povos. Uns foram expulsos da Europa, outros, membros de uma ex-colônia que não são aceitos por seus vizinhos (sim, os mesmos países árabes que criticam Israel NÃO aceitam a imigração Palestina). O caminho para a paz, momento clichê do texto, é a convivência. É o entendimento que nenhum dos dois tem outro lugar para ir. E a forma de se chegar a isto é a compreensão de que ambos são vítimas. E têm o mesmo algoz na origem. Cada vez que vejo uma passeata pedindo a paz em qualquer grande cidade europeia, só enxergo hipocrisia. Chegou a hora de a Europa analisar seus erros passados e como ela é a responsável por muitas tragédias mundiais. A escravidão de africanos na América, a divisão da África, a questão Israel-Palestina. Chega de passeatas e de sermões arrogantes vindos de Paris e Londres. Nada que os israelenses fazem contra os palestinos é tão ruim quanto o que os europeus já fizeram a eles, e o mesmo serve para os atos dos palestinos contra os judeus.
                As novas vítimas do “ódio silencioso” europeu são os ciganos. São repelidos em quase todos os países que chegam e não há nenhum tipo de comoção quando governos tomam medidas contra eles. Nos últimos tempos, por exemplo, Nicolas Sarkozy anunciou leis que permitem a expulsão de ciganos da França, mesmo no contexto de União Europeia, e David Cameron anunciou medidas para barrar a entrada destes mesmos ciganos no Reino Unido, uma vez que Bulgária e Romênia passaram a integrar a UE.  Quase não houve barulho. Se um dia isto chegar ao extremo que chegou a questão judaica, os britânicos podem ceder uma parte do seu vasto território aos ciganos. Mas não na Europa, claro. As ilhas Malvinas são uma boa sugestão. Se os vizinhos da ilha ficarem bravos e quiserem tomá-la, que os ciganos se armem e contem com o apoio americano. 

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Por que Haddad é o melhor prefeito que São Paulo já teve? E por que quase ninguém percebe isso?




           Sim, Fernando Haddad é o melhor prefeito que São Paulo já teve. Ao menos desde os anos 1980. Se você é incapaz de ler um texto com argumentos de quem tem essa opinião, pare agora. A rejeição a ele é para mim um grande mistério, em parte solucionado pelo ódio que parcela da população paulistana sente por qualquer coisa que venha do PT. O que não entendo, porém, é o abandono que o próprio partido fez do prefeito e como parte da militância não consegue enxergar nele as qualidades que até eu, que votei em José Serra há 2 anos, consigo ver.
              Comecemos falando pela única grande falha de Haddad em sua gestão até o momento: O aumento do IPTU. Ainda traumatizado pela confusão decorrida do aumento da passagem de ônibus, Haddad tentou transformar a questão do IPTU numa luta de classes, com o objetivo de atrair a militância com o velho discurso de rico contra pobre. Caiu do cavalo e não conseguiu impor um projeto contrário a qualquer lógica. Um grande erro, mas claramente compensado por muitos acertos.
               O principal deles, a meu ver, é que Haddad é possivelmente o primeiro prefeito desde Erundina a realmente colocar interesses coletivos acima de interesses individuais. Ao espalhar as faixas de ônibus por toda cidade, deixou bem claro que a sua prioridade era o transporte de massas e não o tão amado “Deus-carro”. Nem Erundina teve a coragem que Haddad teve de mexer tanto nesta ferida. Na mesma política de priorizar o transporte coletivo, criou o bilhete único mensal, projeto tão positivo que foi copiado pelo PSDB para Metrô e CPTM.
              Com o Plano Diretor, o prefeito tenta enfrentar o outro símbolo deste individualismo paulista, a especulação imobiliária. Em nome do lucro de poucos, inflou-se o custo dos imóveis a valores verdadeiramente irreais. Qualquer pessoa de classe média hoje deve entregar os melhores anos de sua vida para ter um cubículo minúsculo, sem nenhum questionamento sobre isto é certo ou errado, praticamente por inércia. O Plano de Haddad tenta tirar a liderança do processo de habitação da cidade das imobiliárias e devolvê-la ao coletivo. Não acho que vá dar certo, mas pelo menos vale a tentativa.
                Há muito tempo não tínhamos um prefeito cuja prioridade era ser prefeito e cujo trabalho estivesse acima de interesses pessoais. Para falar apenas sobre os prefeitos pós-redemocratização, tivemos Jânio, que era um maluco, Erundina, intransigente, Maluf, com obras faraônicas, voltadas para o individual e superfaturadas, Pitta, que enterrou SP, Marta, com sua arrogância insuportável, Serra, que queria ser prefeito para depois ser governador para depois ser presidente para depois ser rei... e finalmente Kassab e seu autoritarismo.
                Haddad adotou também o primeiro plano humano de melhorar a situação na cracolândia. Visitou a região, tentou entender o que se passa na vida daquelas pessoas, e tenta ajudá-los a se reerguer. Deu-lhes casa, um emprego, cidadania. Poucos lugares divulgaram que 70% das pessoas que fazem parte do projeto pararam de consumir crack, por mais que esta luta seja diária.
                A questão do crack, aliás, mostra uma das causas da má avaliação da gestão Haddad: a falta de divulgação. Na era da Publicidade, em que um jingle é mais importante do que uma ação, as pessoas estão mais preparadas para gostarem daquilo que dizem que é legal, e não do que vivem. Não vi até hoje uma peça, um anúncio, nada, mostrando os benefícios do Bilhete Único Mensal, por exemplo. Parte desta falta de divulgação mostra como o PT abandonou o prefeito à sua própria sorte após os protestos de 2013. O partido não quis se ligar à pessoa cujo ato foi o motivador das manifestações que se espalharam ao país. Como já dito em post anterior, nada é mais simbólico do que o fato de que Geraldo Alckmin era quem estava ao lado do prefeito no anúncio da revogação do aumento, e não algum integrante do PT. Pensou-se agora que o partido iria lutar para “limpar” a imagem de Haddad para a eleição estadual, mas aparentemente se abandonou esta ideia. O PT, inclusive, já começa a investir na candidatura picareta de Skaf como forma de derrotar o PSDB.
                O segundo motivo da rejeição à Haddad é o individualismo típico paulistano. E não apenas da propagandeada “elite branca”, mas de quase todos nós. Dos que sonham em comprar carro na primeira oportunidade, dos que não se incomodam com o fato de que boa parte da população não pode comprar seu próprio imóvel, dos que odeiam as faixas de ônibus vazias enquanto enfrentam o trânsito. A maioria da população da cidade, de qualquer faixa social e de qualquer ideologia, é individualista. O fato de que 6 dos 8 prefeitos eleitos democraticamente desde 1985 defendiam o individual (só tiro Erundina e Haddad desta lista) mostra que este é o interesse que prevalece na maioria da população. Haddad não representa a maioria, sua eleição foi um acidente momentâneo, como foi a de Erundina. Não à toa a gestão dela abriu espaço para a vitória de Paulo Maluf quatro anos depois, com a ex-prefeita caindo no ostracismo. Lembremos sempre que o vitorioso em 2012 deveria ter sido Celso Russomano e seu discurso em prol do consumidor. Ganham-se pontos defendo a propriedade privada, nunca se ouve uma palavra sobre a defesa da propriedade pública. A maioria aqui ainda só quer três coisas: ter um carro, pegar menos trânsito e morar num condomínio fechado, apenas isso. Sem contar, claro, com o fato de que 1/3 da população da cidade não aprovaria uma gestão do PT nem se o prefeito fosse Jesus Cristo. E o mesmo vale para o 1/3 da população que não aprovaria uma gestão do PSDB nem se ela fosse liderada pela Virgem Maria.
                Haddad representa ideias novas numa sociedade em que até a chamada “esquerda” é retrógrada. Suas ações podem melhorar muito a vida na cidade. Está destinado ao fracasso. Depois de Erundina tivemos Maluf e Pitta. Sabe-se lá o que teremos depois dele.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Prognósticos eleitorais



                Passada a grande festa do ano, o país se vira para a prioridade do semestre, as eleições de 2014. Baseado em meu escasso conhecimento sobre o assunto, repleto de erros e de análise subjetivas, falarei sobre as chances de cada um dos principais candidatos.
               Para Presidente da República, aposto numa vitória de Dilma Rousseff contra Eduardo Campos no segundo turno. Acredito numa segunda etapa pelo simples fato de que acho impossível Dilma ter mais votos este ano do que em 2010. Além disso, ela deve perder em Minas para Aécio e em Pernambuco para Campos, dois estados que ela levou há 4 anos.
                Dilma deve apostar na ideia de que tudo está muito bem, que o país era uma porcaria até 2002 e que agora é muito foda. Aécio deve apostar que tudo está indo muito mal, que o país era muito foda até 2002 e que agora é uma bosta. Campos vai com o discurso de continuar o que é bom e acabar com o que é ruim. Por isso acredito que ele vá ultrapassar Aécio e chegará ao segundo turno. Muita gente está de saco cheio desta bipolaridade PT-PSDB, abrindo muito espaço para seu crescimento. Ele deve apostar também no discurso de que tem mais chances de derrotar o PT num segundo turno do que Aécio. Numa disputa entre Dilma e Aécio, os votos de Campos devem se dividir entre os dois postulantes. Já na disputa entre Dilma e Campos, praticamente todos os votos de Aécio devem ir para Campos. Se o PT for inteligente, virará sua máquina contra Campos e não contra Aécio.
                Será uma eleição em que as redes sociais terão grande importância, mais do que nunca. Teremos, portanto, bastante baixaria, bastante notícia falsa e muita diversão. Posts dirão que Dilma vai transformar o Brasil em Cuba, que Aécio vai privatizar todas as companhias estatais do país e Campos, bom, este por enquanto fica em seu canto. Mas acho que a diferença será feita pelo enorme tempo a mais que Dilma terá no horário eleitoral e na capacidade gigantesca que o PT possui em usar a máquina estatal para divulgar seus projetos.
              Para governador de SP, talvez tenhamos o grande fato novo desta eleição: Paulo Skaf. Sem dúvida ele representa uma espécie de renascimento da antiga direita paulistana, anteriormente representada por Adhemar de Barros, Jânio Quadros e Paulo Maluf. Deste que este último entrou em desgraça, o eleitorado conservador paulistano se voltou para o PSDB, mas não por ideologia, mas sim por falta de opção. Como eles eram os únicos que poderiam derrotar o PT, o inimigo do inimigo virou automaticamente amigo. O PSDB, porém, nunca representou de verdade os anseios e vontades deste eleitorado, interessado sim em grandes obras e em interesses individuais. Com seu discurso vazio sobre “empreendedorismo”, um termo moderno e mais bonito para individualismo, e a aposta numa meritocracia que faz com que a maioria que não consegue algo se sinta culpada por isso, Skaf representa o maior perigo nesta eleição (Lembrando que este texto é subjetivo, ok?). Cegos de ódio pelo PSDB, o eleitorado petista é bem capaz de apoiá-lo num possível segundo turno contra Alckmin, sem enxergar o risco que isto representa.
               O PT sofre com uma escolha errada, a de Alexandre Padilha. Ele é claramente despreparado para o cargo. O PT até tentou inventar o programa Mais Médicos para que o ex-ministro da Saúde tivesse algo a apresentar, mas este programa dificilmente gerará um voto adicional por aqui. O partido sofrerá também com a rejeição à gestão Haddad na capital de SP. Ao praticamente abandonar o prefeito à própria sorte (nada é mais simbólico do que a presença de Alckmin e não de nenhuma autoridade petista no momento em que o prefeito anunciou a revogação do aumento de R$ 0,20 da tarifa de ônibus após os protestos do ano passado), o PT selou seu próprio destino na eleição estadual. A falta de esforço em divulgar os bons projetos do prefeito também é inexplicável. Pouco se fala sobre o bilhete único mensal, o revolucionário Plano Diretor e a humanidade que Haddad trouxe ao combate ao crack. Padilha deve crescer, mas há riscos sim de que o PT fique fora do segundo turno.
A quase vitória de Russomano na eleição municipal de 2012 mostra que uma parcela do eleitorado, especialmente a que está mais à direita, cansou-se de PT e PSDB e busca qualquer coisa diferente. Se Russomano não tivesse feito a cagada de inventar aquela proposta esdrúxula de transporte, hoje poderíamos ter o defensor dos consumidores na cadeira de prefeito. Parte do apoio de Padilha, como o PP de Paulo Maluf, já foi para Skaf, o que comprova que o PT em certa medida já conta com esta derrota.
            Alckmin conta com a boa vontade de boa parte do eleitorado, que no fundo só quer ver o PT se foder. Esquecem até que não tem água e que o investimento em transporte público é uma piada. O risco, porém, é que num segundo turno contra um candidato mais engomadinho como Skaf, com o PT já eliminado, este mesmo eleitorado passe a enxergar as falhas tucanas, preferindo um tocador de obras.
             Isto dito, os três candidatos em SP são ruins, mas acho que Alckmin será eleito. Sim, o cara deixou acabar a água no estado e vai ganhar. O pior é que, apesar disso, este não é o pior cenário. O grande vencedor, porém, independente de quem tiver mais votos, será Skaf, que ganhará força e prestígio para uma eleição futura. Este sim é o pior cenário.
             Para o Senado em SP, Eduardo Suplicy tentará seu quarto mandato e deverá ser derrotado por José Serra. A cúpula petista já não tolera mais o senador há muito tempo e não se esforçará muito para impedir sua derrota e seu fim político. Caberá a militância petista o esforço para elegê-lo. É uma pena, Suplicy é um senador muito atuante, respeitado pelos colegas e, ao contrário de Serra (e também da sua ex-esposa Marta) não enxerga o Senado apenas como um trampolim para outros cargos.
               No Rio, teremos a eleição mais divertida do país. Pesquisas hoje mostram um cenário catastrófico de segundo turno entre o ex-governador Anthony Garotinho e o bispo da Universal Marcelo Crivella. Correm por fora o atual governador Luiz Pezão e o senador petista Limdbergh Farias. Este último possui maior potencial de crescimento e creio que vá para o segundo turno contra Garotinho. Nesta segunda etapa, qualquer um que disputar contra Garotinho ou Crivella será o vencedor, por isso aposto numa vitória do PT por lá. Mas seria divertidíssimo este segundo turno Garotinho x Crivella !
             Para os outros estados, pro total falta de conhecimento e informação, aposto em vitórias da situação em todos, tirando no RS, que sempre vota na oposição. Apostas feitas, que venham os debates vazios e os horários políticos de marqueteiros picaretas.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

SÍNDROME DE ESTOCOLMO


Hoje, dia seguinte a final da Copa do Mundo no Brasil, me deparo com matérias no Olé sobre a, segundo eles, surpreendente torcida brasileira para a Alemanha na final. Podem verificar diretamente: JORNAL OLÉ.

Segundo nossos hermanos estamos passando pela síndrome de Estocolmo. E estamos mesmo! Como na síndrome, nos apaixonamos por nossos algozes, perdoamos nossos carrascos e nos pintamos de vermelho, preto e amarelo.

A rivalidade entre Brasil e Argentina (rivalidade futebolística, em todo o texto, por favor) nunca foi totalmente explicada, desvendada e compreendida. Alguns dizem que existe mais “raiva” do lado brasileiro, o que concordo. Outros dizem que existe mais inveja do lado argentino, o que também concordo. Se estamos passando pela síndrome de Estocolmo, nossos vizinhos sofrem desde sempre com a síndrome de Burnout, pois têm essa necessidade de autoafirmação, estão a todo tempo dizendo que Maradona é melhor que Pelé ou que nos ganharam o único confronto em Copas que tivemos. É claro que o futebol brasileiro é maior que o futebol argentino, mas não muito. As diferenças são bem menores que os 3 mundiais que nos separam, mas somos melhores.
Os brasileiros, que por sinal são menos desportivos que os argentinos, apenas abrem a mão, com todos os seus 5 dedos, para responder esse grito portenho de que “Maradona es más grande que Pelé!”. O que não nego é que há admiração de ambos os lados; existe a admiração brasileira pela raça, organização e até a torcida argentina, mas existe a admiração argentina pelo futebol bonito, ousado e alegre dos brasileiros. Talvez tenha sido o maior trunfo de Diego: juntar Argentina e Brasil em um único jogador, ser eficiente para o resultado e para o espetáculo ao mesmo tempo. Podemos comprovar essa eficiência charmosa em um certo gol contra a Inglaterra em 1986.

Exposta a minha opinião sobre a rivalidade, apontarei os motivos para que TODO brasileiro fã de futebol que se preste, tenha torcido pela Alemanha. Claro que era a Argentina, e a torcida pela Alemanha não poderia ser diferente, simplesmente porque era a Argentina. Mas eu enxergo dessa vez mais uma torcida pró Alemanha do que anti Argentina, principalmente se deixarmos de lado os torcedores “copistas”, que não assistem um jogo e na época da Copa se acham os maiores entendedores.

- A Alemanha/ Adidas conquistou a maior torcida do Brasil, a do Flamengo, fazendo uma segunda camisa rubro negra.

- A delegação alemã foi extremamente simpática durante todos os dias, desde o início. A Argentina, pelo contrário, foi uma das delegações mais fechadas de todo o torneio; jogadores inacessíveis que se limitavam a dar entrevistas obrigatórias da FIFA.

- O time da Alemanha vestiu cocares e dançou com índios. Não existe nada mais simpático que dançar com índios.

- Os alemães doaram 10 mil euros para os índios comprarem uma ambulância. Meu Deus!

- Durante os próximos 3 anos a Alemanha financiará a escola da Vila de Santo André, em Santa Cruz de Cabrália.

- Eles construíram um campo de futebol para os moradores de Cabrália.

- O vídeo de Schweinsteiger e Neuer cantando o hino do Bahia foi algo magnífico.

- A amizade impensável entre Schweinsteiger, Neuer e o professor de axé Mauro Tibúrcio foi emocionante e uma prova da união dos povos.

- Schweinsteiger e Podolski assistiram Brasil e Chile junto com os funcionários do hotel e enrolados em uma bandeira brasileira.

VÍDEO DA COMEMORAÇÃO

- Antes mesmo dos 7x1 ou da final, Lukas Podolski era fenômeno nas redes sociais. É impossível não torcer por um alemão que publica em português e se utilizando de hashtags como #rioéfrenético, #respeiteaSeleção, #jogabonito, #BrasiléTradição, #BrasilTeAmo, #TudoNosso, #TamoJunto, #ÉTois...

- Tivemos o fenômeno “Podolski Brasileiro” no Twitter, depois que ele declarou que gosta de novela. Milhares de twittes que começavam com: “Podolski tá tão brasileiro que...”.

- Tivemos meme do Podolski com faixa de presidente.

- Aprendemos a escrever o nome dos alemães sem consultar o Google.
- A Alemanha fez 7 gols no Brasil e quase pediu desculpas na saída de campo. Muitos deles estavam mais envergonhados que o Felipão, por exemplo.

- A Alemanha fez 5 gols em 30 minutos. Nos 60 minutos restantes eles não deram um toque mais enfeitado na bola, pelo contrário, fizeram mais 2 gols.

- A Alemanha nos ensinou a ganhar. Espero que nunca mais o Brasil faça “firulas” somente enquanto ganha, mas que jogue sempre do mesmo jeito.

- Podolski publicou texto exaltando o Brasil e pedindo respeito, enquanto a capa do Olé...

- Enquanto tudo isso se passou, a Argentina estava fechada, intocável.

Por fim, os alemães jogariam contra os argentinos, justamente os que se gabam até hoje de terem ganhado dos brasileiros uma partida de quartas de final em uma Copa que nem venceram, como se ainda lembrássemos desse fato, ainda mais depois dos 2 mundiais que ganharíamos depois de 1990. Se somos obrigados a escutar essa musiquinha até hoje, mesmo com tudo o que se passou, porque torcer pela Argentina e ouvir para sempre que ganharam uma Copa no nosso quintal?

Como vocês dizem estamos com síndrome de Estocolmo, ou seja, se fosse a Alemanha x Holanda agiríamos do mesmo jeito.

"Brasil decime qué se siente, tener en casa a tu papá...
Te juro que aunque pasen los años, nunca nos vamos a olvidar...
Que el Diego los gambeteó, que Cani los vacunó... están llorando desde Italia hasta hoy...
A Messi vas a ver, la Copa va a traer...Maradona es más grande que Pelé."

“Brasil, me diga o que sente, ter em sua casa seu papai...
Te juro que mesmo que passem os anos, nunca vamos nos esquecer...
Que Diego os driblou, que Caniggia os espetou...estão chorando desde a Itália até hoje...
A Messi vocês vão ver, a Copa ele vai nos trazer...Maradona é melhor que Pelé."


Hermanos, realmente, não tínhamos nenhum motivo para torcer por vocês. E agora, decime qué se siente, son siete Copas sin ganar.

Viva a rivalidade.