segunda-feira, 21 de julho de 2014

Prognósticos eleitorais



                Passada a grande festa do ano, o país se vira para a prioridade do semestre, as eleições de 2014. Baseado em meu escasso conhecimento sobre o assunto, repleto de erros e de análise subjetivas, falarei sobre as chances de cada um dos principais candidatos.
               Para Presidente da República, aposto numa vitória de Dilma Rousseff contra Eduardo Campos no segundo turno. Acredito numa segunda etapa pelo simples fato de que acho impossível Dilma ter mais votos este ano do que em 2010. Além disso, ela deve perder em Minas para Aécio e em Pernambuco para Campos, dois estados que ela levou há 4 anos.
                Dilma deve apostar na ideia de que tudo está muito bem, que o país era uma porcaria até 2002 e que agora é muito foda. Aécio deve apostar que tudo está indo muito mal, que o país era muito foda até 2002 e que agora é uma bosta. Campos vai com o discurso de continuar o que é bom e acabar com o que é ruim. Por isso acredito que ele vá ultrapassar Aécio e chegará ao segundo turno. Muita gente está de saco cheio desta bipolaridade PT-PSDB, abrindo muito espaço para seu crescimento. Ele deve apostar também no discurso de que tem mais chances de derrotar o PT num segundo turno do que Aécio. Numa disputa entre Dilma e Aécio, os votos de Campos devem se dividir entre os dois postulantes. Já na disputa entre Dilma e Campos, praticamente todos os votos de Aécio devem ir para Campos. Se o PT for inteligente, virará sua máquina contra Campos e não contra Aécio.
                Será uma eleição em que as redes sociais terão grande importância, mais do que nunca. Teremos, portanto, bastante baixaria, bastante notícia falsa e muita diversão. Posts dirão que Dilma vai transformar o Brasil em Cuba, que Aécio vai privatizar todas as companhias estatais do país e Campos, bom, este por enquanto fica em seu canto. Mas acho que a diferença será feita pelo enorme tempo a mais que Dilma terá no horário eleitoral e na capacidade gigantesca que o PT possui em usar a máquina estatal para divulgar seus projetos.
              Para governador de SP, talvez tenhamos o grande fato novo desta eleição: Paulo Skaf. Sem dúvida ele representa uma espécie de renascimento da antiga direita paulistana, anteriormente representada por Adhemar de Barros, Jânio Quadros e Paulo Maluf. Deste que este último entrou em desgraça, o eleitorado conservador paulistano se voltou para o PSDB, mas não por ideologia, mas sim por falta de opção. Como eles eram os únicos que poderiam derrotar o PT, o inimigo do inimigo virou automaticamente amigo. O PSDB, porém, nunca representou de verdade os anseios e vontades deste eleitorado, interessado sim em grandes obras e em interesses individuais. Com seu discurso vazio sobre “empreendedorismo”, um termo moderno e mais bonito para individualismo, e a aposta numa meritocracia que faz com que a maioria que não consegue algo se sinta culpada por isso, Skaf representa o maior perigo nesta eleição (Lembrando que este texto é subjetivo, ok?). Cegos de ódio pelo PSDB, o eleitorado petista é bem capaz de apoiá-lo num possível segundo turno contra Alckmin, sem enxergar o risco que isto representa.
               O PT sofre com uma escolha errada, a de Alexandre Padilha. Ele é claramente despreparado para o cargo. O PT até tentou inventar o programa Mais Médicos para que o ex-ministro da Saúde tivesse algo a apresentar, mas este programa dificilmente gerará um voto adicional por aqui. O partido sofrerá também com a rejeição à gestão Haddad na capital de SP. Ao praticamente abandonar o prefeito à própria sorte (nada é mais simbólico do que a presença de Alckmin e não de nenhuma autoridade petista no momento em que o prefeito anunciou a revogação do aumento de R$ 0,20 da tarifa de ônibus após os protestos do ano passado), o PT selou seu próprio destino na eleição estadual. A falta de esforço em divulgar os bons projetos do prefeito também é inexplicável. Pouco se fala sobre o bilhete único mensal, o revolucionário Plano Diretor e a humanidade que Haddad trouxe ao combate ao crack. Padilha deve crescer, mas há riscos sim de que o PT fique fora do segundo turno.
A quase vitória de Russomano na eleição municipal de 2012 mostra que uma parcela do eleitorado, especialmente a que está mais à direita, cansou-se de PT e PSDB e busca qualquer coisa diferente. Se Russomano não tivesse feito a cagada de inventar aquela proposta esdrúxula de transporte, hoje poderíamos ter o defensor dos consumidores na cadeira de prefeito. Parte do apoio de Padilha, como o PP de Paulo Maluf, já foi para Skaf, o que comprova que o PT em certa medida já conta com esta derrota.
            Alckmin conta com a boa vontade de boa parte do eleitorado, que no fundo só quer ver o PT se foder. Esquecem até que não tem água e que o investimento em transporte público é uma piada. O risco, porém, é que num segundo turno contra um candidato mais engomadinho como Skaf, com o PT já eliminado, este mesmo eleitorado passe a enxergar as falhas tucanas, preferindo um tocador de obras.
             Isto dito, os três candidatos em SP são ruins, mas acho que Alckmin será eleito. Sim, o cara deixou acabar a água no estado e vai ganhar. O pior é que, apesar disso, este não é o pior cenário. O grande vencedor, porém, independente de quem tiver mais votos, será Skaf, que ganhará força e prestígio para uma eleição futura. Este sim é o pior cenário.
             Para o Senado em SP, Eduardo Suplicy tentará seu quarto mandato e deverá ser derrotado por José Serra. A cúpula petista já não tolera mais o senador há muito tempo e não se esforçará muito para impedir sua derrota e seu fim político. Caberá a militância petista o esforço para elegê-lo. É uma pena, Suplicy é um senador muito atuante, respeitado pelos colegas e, ao contrário de Serra (e também da sua ex-esposa Marta) não enxerga o Senado apenas como um trampolim para outros cargos.
               No Rio, teremos a eleição mais divertida do país. Pesquisas hoje mostram um cenário catastrófico de segundo turno entre o ex-governador Anthony Garotinho e o bispo da Universal Marcelo Crivella. Correm por fora o atual governador Luiz Pezão e o senador petista Limdbergh Farias. Este último possui maior potencial de crescimento e creio que vá para o segundo turno contra Garotinho. Nesta segunda etapa, qualquer um que disputar contra Garotinho ou Crivella será o vencedor, por isso aposto numa vitória do PT por lá. Mas seria divertidíssimo este segundo turno Garotinho x Crivella !
             Para os outros estados, pro total falta de conhecimento e informação, aposto em vitórias da situação em todos, tirando no RS, que sempre vota na oposição. Apostas feitas, que venham os debates vazios e os horários políticos de marqueteiros picaretas.

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