Passada a grande festa do ano, o
país se vira para a prioridade do semestre, as eleições de 2014. Baseado em meu
escasso conhecimento sobre o assunto, repleto de erros e de análise subjetivas,
falarei sobre as chances de cada um dos principais candidatos.
Para
Presidente da República, aposto numa vitória de Dilma Rousseff contra Eduardo
Campos no segundo turno. Acredito numa segunda etapa pelo simples fato de que
acho impossível Dilma ter mais votos este ano do que em 2010. Além disso, ela
deve perder em Minas para Aécio e em Pernambuco para Campos, dois estados que
ela levou há 4 anos.
Dilma
deve apostar na ideia de que tudo está muito bem, que o país era uma porcaria
até 2002 e que agora é muito foda. Aécio deve apostar que tudo está indo muito
mal, que o país era muito foda até 2002 e que agora é uma bosta. Campos vai com
o discurso de continuar o que é bom e acabar com o que é ruim. Por isso
acredito que ele vá ultrapassar Aécio e chegará ao segundo turno. Muita gente
está de saco cheio desta bipolaridade PT-PSDB, abrindo muito espaço para seu
crescimento. Ele deve apostar também no discurso de que tem mais chances de
derrotar o PT num segundo turno do que Aécio. Numa disputa entre Dilma e Aécio,
os votos de Campos devem se dividir entre os dois postulantes. Já na disputa entre
Dilma e Campos, praticamente todos os votos de Aécio devem ir para Campos. Se o
PT for inteligente, virará sua máquina contra Campos e não contra Aécio.
Será
uma eleição em que as redes sociais terão grande importância, mais do que
nunca. Teremos, portanto, bastante baixaria, bastante notícia falsa e muita
diversão. Posts dirão que Dilma vai transformar o Brasil em Cuba, que Aécio vai
privatizar todas as companhias estatais do país e Campos, bom, este por enquanto
fica em seu canto. Mas acho que a diferença será feita pelo enorme tempo a mais que Dilma terá no horário eleitoral e na capacidade gigantesca que o PT possui em usar a máquina estatal para divulgar seus projetos.
Para
governador de SP, talvez tenhamos o grande fato novo desta eleição: Paulo Skaf.
Sem dúvida ele representa uma espécie de renascimento da antiga direita
paulistana, anteriormente representada por Adhemar de Barros, Jânio Quadros e
Paulo Maluf. Deste que este último entrou em desgraça, o eleitorado conservador
paulistano se voltou para o PSDB, mas não por ideologia, mas sim por falta de
opção. Como eles eram os únicos que poderiam derrotar o PT, o inimigo do
inimigo virou automaticamente amigo. O PSDB, porém, nunca representou de
verdade os anseios e vontades deste eleitorado, interessado sim em grandes
obras e em interesses individuais. Com seu discurso vazio sobre “empreendedorismo”,
um termo moderno e mais bonito para individualismo, e a aposta numa
meritocracia que faz com que a maioria que não consegue algo se sinta culpada
por isso, Skaf representa o maior perigo nesta eleição (Lembrando que este
texto é subjetivo, ok?). Cegos de ódio pelo PSDB, o eleitorado petista é bem
capaz de apoiá-lo num possível segundo turno contra Alckmin, sem enxergar o
risco que isto representa.
O
PT sofre com uma escolha errada, a de Alexandre Padilha. Ele é claramente
despreparado para o cargo. O PT até tentou inventar o programa Mais Médicos
para que o ex-ministro da Saúde tivesse algo a apresentar, mas este programa
dificilmente gerará um voto adicional por aqui. O partido sofrerá também com a
rejeição à gestão Haddad na capital de SP. Ao praticamente abandonar o prefeito
à própria sorte (nada é mais simbólico do que a presença de Alckmin e não de
nenhuma autoridade petista no momento em que o prefeito anunciou a revogação do
aumento de R$ 0,20 da tarifa de ônibus após os protestos do ano passado), o PT
selou seu próprio destino na eleição estadual. A falta de esforço em divulgar
os bons projetos do prefeito também é inexplicável. Pouco se fala sobre o
bilhete único mensal, o revolucionário Plano Diretor e a humanidade que Haddad
trouxe ao combate ao crack. Padilha deve crescer, mas há riscos sim de que o PT
fique fora do segundo turno.
A quase
vitória de Russomano na eleição municipal de 2012 mostra que uma parcela do
eleitorado, especialmente a que está mais à direita, cansou-se de PT e PSDB e
busca qualquer coisa diferente. Se Russomano não tivesse feito a cagada de
inventar aquela proposta esdrúxula de transporte, hoje poderíamos ter o
defensor dos consumidores na cadeira de prefeito. Parte do apoio de Padilha,
como o PP de Paulo Maluf, já foi para Skaf, o que comprova que o PT em certa
medida já conta com esta derrota.
Alckmin
conta com a boa vontade de boa parte do eleitorado, que no fundo só quer ver o
PT se foder. Esquecem até que não tem água e que o investimento em transporte
público é uma piada. O risco, porém, é que num segundo turno contra um
candidato mais engomadinho como Skaf, com o PT já eliminado, este mesmo
eleitorado passe a enxergar as falhas tucanas, preferindo um tocador de obras.
Isto
dito, os três candidatos em SP são ruins, mas acho que Alckmin será eleito.
Sim, o cara deixou acabar a água no estado e vai ganhar. O pior é que, apesar
disso, este não é o pior cenário. O grande vencedor, porém, independente de
quem tiver mais votos, será Skaf, que ganhará força e prestígio para uma eleição
futura. Este sim é o pior cenário.
Para o Senado em SP, Eduardo Suplicy tentará seu quarto mandato e deverá ser derrotado por
José Serra. A cúpula petista já não tolera mais o senador há muito tempo e não
se esforçará muito para impedir sua derrota e seu fim político. Caberá a
militância petista o esforço para elegê-lo. É uma pena, Suplicy é um senador
muito atuante, respeitado pelos colegas e, ao contrário de Serra (e também da
sua ex-esposa Marta) não enxerga o Senado apenas como um trampolim para outros
cargos.
No
Rio, teremos a eleição mais divertida do país. Pesquisas hoje mostram um
cenário catastrófico de segundo turno entre o ex-governador Anthony Garotinho e
o bispo da Universal Marcelo Crivella. Correm por fora o atual governador Luiz
Pezão e o senador petista Limdbergh Farias. Este último possui maior potencial
de crescimento e creio que vá para o segundo turno contra Garotinho. Nesta
segunda etapa, qualquer um que disputar contra Garotinho ou Crivella será o
vencedor, por isso aposto numa vitória do PT por lá. Mas seria divertidíssimo este
segundo turno Garotinho x Crivella !
Para
os outros estados, pro total falta de conhecimento e informação, aposto em
vitórias da situação em todos, tirando no RS, que sempre vota na oposição. Apostas
feitas, que venham os debates vazios e os horários políticos de marqueteiros
picaretas.
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