Terminou no último 30 de fevereiro o governo
Fernando Haddad. O Congresso aprovou o seu pedido de impeachment, após considerá-lo
culpado por uma má gestão da pandemia que custo 200.000 vidas. Seu principal
crime, apresentado pela advogada Janaína Paschoal, a mesma que liderou a acusação
contra Dilma há seis anos, é de que Haddad comprou um número excessivo de
vacinas, cometendo um crime conhecido como “pedalada vacinal”. O juiz Sérgio
Moro, líder da Lava Jato que entra em sua milésima quinta etapa conhecida como “Fogo
Infernal”, aceitou a denúncia apresentada por Deltan Dallagnol de que Haddad
teria participado de um almoço com uma pessoa que conhece alguém que conhece
alguém que conheceria um representante de uma empresa produtora de vacinas, e
que o almoço teria sido pago com propina que seria recebida pela Petrobrás a
partir da compra de vacinas pela estatal para seus funcionários. Moro decretou
a prisão preventiva de Haddad 5 minutos após a declaração do impeachment, e as
câmeras da TV Globo já estavam no Palácio acompanhando a operação da Polícia
Federal que conduziu o agora ex-presidente à sede da Polícia Federal em Curitiba.
Moro voltou a negar que tenha interesse em seguir carreira política, chamou a
reportagem que dizia que ele tinha um acordo para ser ministro da Justiça
candidato derrotado Jair Bolsonaro de “sensacionalismo”, mas diz que não se
arrepende de vazar a ligação do ex-presidente Haddad em que ele diz que não
deveríamos economizar na compra de vacinas, conversa fundamental para mobilizar
as ruas contra o presidente. Moro também voltou a defender que provas obtidas
ilegalmente devem ser consideradas em processos e que um homem público não pode
esconder suas ações. Também negou, mais uma vez, que ajudou Dallagnol a montar
o Power Point em que Haddad era apontado como responsável pela compra excessiva
de vacinas e de respiradores, argumentando que isto é normal no Judiciário
brasileiro.
Numa ação inédita, a vice-presidenta Manuela D’Ávila
foi impichada e presa junto com o presidente Haddad. Ainda não há denuncia
formal contra ela, mas Moro já decretou sua prisão preventiva dizendo que ela
pode “atrapalhar as investigações”, decisão confirmada pelo ministro Barroso. O
general Braga Neto assumiu o poder de forma interina, prometendo restabelecer a
democracia após um ano. O ex-deputado federal Jair Bolsonaro, grande crítico das
medidas de contenção adotas pelo governo petista, surge como grande favorito
para as eleições de 2022, prometendo focar todos os esforços na produção de
cloroquina, na liberação de armas e reduzindo a zero os gastos em vacinação. Bolsonaro
promete também retirar o Brasil da OMS, que elogiou as medidas adotadas pelo governo
Haddad, da ONU, que criticou as ações da Lava Jato contra o governo petista, e
do Mercosul, argumentando que é um antro de “comunistas”.
O mercado celebrou o impeachment do presidente
Haddad, e o dólar caiu ao valor de R$ 4. Analistas do Jornal o Estado de SP
argumentam que o dólar estaria a R$ 1,50 caso Bolsonaro tivesse sido eleito e
Paulo Guedes tivesse entrado no Ministério da Economia antes. Guedes, ministro
do governo Braga Neto, já anunciou um novo programa de demissão em massa e de corte
de gastos para estimular a economia, que caiu 2% em 2020, responsabilidade das
medidas de contenção do governo Haddad. Carlos Sardenberg, analista econômico da Globo, acusou Haddad de irresponsabilidade fiscal quando o então presidente anunciou um auxílio de R$ 1.200,00 aos trabalhadores que tiveram que ficar em casa durante a pandemia, mais uma bolsa para fornecimento de máscaras apropriadas contra a doença.
Em debate na rádio Jovem Pan, Vera Magalhães e
Marco Antônio Villa elogiaram a decisão do governo Braga Neto de proibir o PT
de participar do processo eleitoral de 2022. Disseram que o Brasil não aguenta
mais a “roubalheira desta gangue”. Elogiaram também a “jogada de xadrez” do
juiz Moro ao prender o ex-presidente Haddad antes que ele tivesse tempo de
discursar após o impeachment e reafirmam a crença no desprendimento político do
juiz. Também elogiaram a decisão do Supremo que mudou a interpretação da Lei da
Ficha Limpa, bastando agora a abertura de um B.O. para que uma pessoa seja
considerada inelegível. Criticaram também a análise de especialistas de saúde e
de economia, que dizem que o Brasil teria mais de 600.000 mortes e uma queda no
PIB de mais de 5% caso Bolsonaro tivesse sido eleito. Disseram que esquerdistas gostam de "inventar números" e "criam um fantasma fascista que não existe".
Assim caminhamos para 2022, o ano mais
decisivo da nossa história. Ano de Copa.