Há exatos
80 anos, em 20/07/1944, “Deus” salvava a vida de Adolf Hitler. Um grupo de
generais nazistas, descontentes com os rumos da guerra, resolveu que chegara a
hora de matar o Führer. Colocaram uma bomba na sala do genocida, que escapou por
alguns detalhes. O primeiro é que ele havia adiantado, sem motivos, o assunto de
uma reunião por meia hora, o que fez com que os conspiradores pudessem armar
apenas uma bomba, e não duas como previsto. O segundo é que no exato momento da
explosão Hitler não estava onde deveria estar, havia notado um detalhe em um
mapa que era examinado, sendo protegido pelo corpo de outro membro do Partido Nazista.
Hitler logo creditou o fracasso da operação a “Deus” e acelerou aquilo que
considerava sua missão “divina”: Erradicar a presença de judeus do continente
europeu. O período entre o atentado e o fim da guerra foi o momento em que mais
judeus foram mortos em campos de concentração durante a guerra.
Nada é
mais perigoso do que um psicopata em missão divina. E isto nem é tão difícil de
acontecer. Psicopatas costumam ser narcisistas e para eles é muito fácil se
identificar com um ser superior que vive no céu, vê tudo o que fazemos, julga
todos os nossos atos, está acima do bem e do mal e condena ao sofrimento eterno
todos aqueles que ousam discordar dele. Nada é mais perigoso do que pessoas que
chegam ao poder se apresentando como representantes deste “Deus”. Se “Deus”
está ao lado dele, ele nunca está errado, uma vez que “Deus” é infalível. Não
há certo e errado quando sabemos que “Deus” está ao nosso lado. Expulsar
imigrantes, defender a tortura, a pena de morte, o acesso a armas, caçoar de
pessoas doentes durante uma pandemia etc. E bota etc nisto. Deutschland über
alles. Brasil acima de tudo, “Deus” acima de todos. Make America Great Again.
Felizmente,
“Deus” não fez a Alemanha ganhar a guerra e não alterou a trajetória da bala que
Hitler meteu na própria cabeça menos de um ano depois. Mas ter se sentido salvo
por “Ele” fez com o que o líder se radicalizasse ainda mais. Se olharmos a
história, é isto que nos espera após a salvação de Trump. Radicalização. Trump
escapou de sua tragédia, naquilo que pode marcar o início da tragédia para muitos
outros. Sempre, claro, em nome de “Deus”.