sábado, 20 de julho de 2024

Em nome de "Deus"



Há exatos 80 anos, em 20/07/1944, “Deus” salvava a vida de Adolf Hitler. Um grupo de generais nazistas, descontentes com os rumos da guerra, resolveu que chegara a hora de matar o Führer. Colocaram uma bomba na sala do genocida, que escapou por alguns detalhes. O primeiro é que ele havia adiantado, sem motivos, o assunto de uma reunião por meia hora, o que fez com que os conspiradores pudessem armar apenas uma bomba, e não duas como previsto. O segundo é que no exato momento da explosão Hitler não estava onde deveria estar, havia notado um detalhe em um mapa que era examinado, sendo protegido pelo corpo de outro membro do Partido Nazista. Hitler logo creditou o fracasso da operação a “Deus” e acelerou aquilo que considerava sua missão “divina”: Erradicar a presença de judeus do continente europeu. O período entre o atentado e o fim da guerra foi o momento em que mais judeus foram mortos em campos de concentração durante a guerra.

Nada é mais perigoso do que um psicopata em missão divina. E isto nem é tão difícil de acontecer. Psicopatas costumam ser narcisistas e para eles é muito fácil se identificar com um ser superior que vive no céu, vê tudo o que fazemos, julga todos os nossos atos, está acima do bem e do mal e condena ao sofrimento eterno todos aqueles que ousam discordar dele. Nada é mais perigoso do que pessoas que chegam ao poder se apresentando como representantes deste “Deus”. Se “Deus” está ao lado dele, ele nunca está errado, uma vez que “Deus” é infalível. Não há certo e errado quando sabemos que “Deus” está ao nosso lado. Expulsar imigrantes, defender a tortura, a pena de morte, o acesso a armas, caçoar de pessoas doentes durante uma pandemia etc. E bota etc nisto. Deutschland über alles. Brasil acima de tudo, “Deus” acima de todos. Make America Great Again.

Felizmente, “Deus” não fez a Alemanha ganhar a guerra e não alterou a trajetória da bala que Hitler meteu na própria cabeça menos de um ano depois. Mas ter se sentido salvo por “Ele” fez com o que o líder se radicalizasse ainda mais. Se olharmos a história, é isto que nos espera após a salvação de Trump. Radicalização. Trump escapou de sua tragédia, naquilo que pode marcar o início da tragédia para muitos outros. Sempre, claro, em nome de “Deus”.