Se o pessoal da “terceira via”
realmente quisesse uma opção na eleição de 2022, não tenho dúvidas de que a
melhor opção seria Marina Silva. Competente, experiente, honesta, especialista
num assunto fundamental (meio-ambiente), ministra de um governo bem-sucedido,
nome conhecido do eleitorado, ajudaria a resgatar a imagem internacional do
país, destruída por esta maluquice que nos governa. Mas seu nome nunca seria
aceito pela tal “terceira via”. Há requisitos básicos que esta turma quer que
ela não possui. Para ser um nome viável para esta galera, o candidato tem que
ser homem, branco, rico, bem-sucedido em qualquer área X, completamente
inexperiente na área pública e, o mais importante, ser um debiloide. Sim, até o
momento não vi nenhum destes nomes de terceira via que não se comporte como um
debiloide.
O pior tipo de debiloide é o
debiloide rico. É muito difícil mostrar para um debiloide rico que ele é um
debiloide. Na cabeça do debiloide rico ser rico funciona como um atestado de
que ele não é debiloide. Ele nunca vai ser convencido de que é um debiloide e ele
sai por aí convencendo debiloides menos ricos de que ele e seu “projeto” são o
caminho. Vira uma espécie de debiloide modelo para os debiloides menos
afortunados. João Amoedo é um exemplo destes debiloides. A quantidade de espaço
que ele recebe é completamente desproporcional à sua importância no debate
público. Amoedo não é especialista em nada muito relevante para a vida pública.
Foi diretor de banco, poderia opinar em telejornais sobre este assunto. Mas
não, ele está lá sempre, sendo chamado para falar sobre tudo, em 100% das vezes
tratando o assunto de forma superficial, com pouca base em dados, repetindo slogans
que algum publicitário o mandou repetir.
Qualquer pessoa que diga que qualquer
pessoa é igual à coisa que nos governa deve ser chamada de debiloide. E não há
nada, nada nada, que justifique comparar a coisa a outro governante. O que
vivemos é um genocídio e achar que este genocida é igual a um outro político porque
no governo deste outro político houve corrupção ou porque ele não quis privatizar
estatais é coisa de debiloide. Todos estes debiloides da “terceira via” votaram
no genocida ou em branco nas eleições de 2018. Todos. Não conheço um que tenha
votado diferente. Não tiveram problemas em votar no deputado capitão quando ele
ameaçava matar ou expulsar do país os opositores, quando ele incentivou a
agressão a homossexuais, quando comparou quilombolas a animais, quando exaltou
o genocídio indígena, quando exaltou a tortura, quando humilhou os torturados
etc. E bota etc nisso.
Nos últimos tempos, a pessoa que
liderou a corrida pela “terceira via” entre os debiloides foi Luciano Huck.
Huck cumpria todos estes requisitos citados. Homem, rico, branco, bem-sucedido
em algo, completamente sem experiência e debiloide. Huck ganhou muito dinheiro
com a imagem de candidato a presidente e foi muito levado a sério. Deu palestras
e o escambau. Nunca disse nada de relevante. Isto não era empecilho para que
ele deixasse de ser chamado para opinar sobre tudo. Virou até colunista de
jornal. Não deu certo. Pressionado pela emissora em que trabalha, Huck teve que
abandonar a candidatura da “terceira via” debiloide para realizar um sonho,
apresentar as videocassetadas. Convocou uma entrevista às pressas quando viu o
seu lugar no domingo global ameaçado pelo desempenho do atual apresentador do Big
Brother Brasil. Entrevistado pelo antigo apresentador do Big Brother Brasil,
mais uma vez anunciou que não será candidato, o chamado não anúncio. Mentindo,
disse que votou em branco em 2018. Mentira, há uma porra de um vídeo em que ele
diz que o capitão torturador era a chance de “ressignificar a política”. Os
debiloides da “terceira via” são cínicos e partem do pressuposto de que todo
mundo é debiloide. Disse também que
repetiria o voto em branco (que não deu) na eleição de 2022. Qualquer pessoa
que ainda diga isto em 2022 não pode ser chamada de outra forma que não de
debiloide.
Outros políticos e figuras públicas
tentam assumir o lugar vago da “terceira via” debiloide. Ciro Gomes tem se
esforçado para atrair este eleitorado, agindo como um debiloide nos últimos
meses. Duvido que consiga atrair o apoio deste eleitorado. Ele entende de
muitos assuntos e é muito experiente, não é isto que a “terceira via” busca. Geraldo
Alckmin já foi abandonado em 2018, seu nome morreu. É muito experiente, está “desgastado”.
João Doria Jr. é outro nome. Talvez ele seja um dos pais do “debiloidismo” na
nova política brasileira. Concorreu como um debiloide nas eleições de 2016. Fez
uma prefeitura ridícula e, graças a isto, foi consagrado governador nas
eleições de 2018, onde fez uma campanha claramente fascista. Ganhou muito apoio
entre os debiloides quando disse que ia autorizar policiais a atirar na cabeça
de qualquer suspeito. Na enorme crise que vivemos, porém, mostrou não ser um
debiloide completo. Por mais críticas que possam ser feitas ao seu governo e à
sua figura, é inegável que Doria foi muito bem na questão da vacinação e que
estaríamos numa situação ainda mais trágica se não fosse a sua ação. Ter algo
para mostrar, porém, fez o seu nome cair muito entre os debiloides. Ele deixou de
ser inexperiente e não é isto que os debiloides querem. Provavelmente com a
saída oficial de Luciano Huck da campanha (na qual ele nunca entrou) tentarão
emplacar um novo debiloide. A falta de experiência será convertida em “novidade”.
O homem branco, rico, sem experiência e debiloide adora se apresentar como “novo”.
Os porta-vozes oficiais do debiloidismo já tentam emplacar Danilo Gentili, Sérgio
Moro, Roberto Justos ou sei lá mais quem.
O Brasil precisa sim de uma
terceira via. Sem aspas. Uma terceira via capaz de enxergar o horror que vivemos
e que não necessariamente aprove tudo o que Lula faz. Mas uma terceira via que
seja capaz de enxergar que qualquer pessoa que estiver enfrentando a coisa que
nos governa deve receber total apoio. Uma terceira via não debiloide, que
esteja disposta a participar da reconstrução do que restar depois que isto acabar.
E que seja capaz de enxergar que vivemos um horror e que não sairemos dele com
base em slogans.