O governo de São Paulo fechará
escolas.
Essa é a manchete dos veículos de
comunicação nas últimas 2 semanas. Uma manchete que nos leva a pensar “Meu
Deus! Que absurdo este governo está fazendo”. Como eu sou o cara do
contraponto, estou aqui para combater as unanimidades e, principalmente, o desconhecimento
de causa.
Sempre no blog tentamos encontrar
coisas boas onde poucos enxergavam, além de tentar atacar os que eram idolatrados.
Defendemos em alguns pontos o Haddad, a Dilma, a Mc Melody e seu pai.
Criticamos o Aécio, o PMDB, os coxinhas, o Alckmin. Agora chegou a hora de
defender... O Alckmin?!?
A manchete acima é tendenciosa e
choca qualquer pessoa. Inicialmente quero dizer que a educação pública é, em
geral, uma porcaria em todo o país. Estudantes cada vez menos preparados tentam
sem sucesso um lugar na instituição pública de ensino que funciona, a Universidade.
Infelizmente essa é uma área reservada para aquele que menos precisa e é mais
preparado, o aluno de escola particular. Não por acaso nos últimos 20 anos a
participação desse tipo e aluno no ensino estadual passou de 13% para 18%.
Nesse mesmo período, a quantidade de alunos matriculados no ensino privado
aumentou 22%, enquanto a de escola pública regrediu 15%. Se os alunos migram
para o ensino privado é porque este é melhor. Triste. Devemos isso ao próprio
governo tucano e a sua progressão continuada.
O governo alega que dará outra
finalidade às escolas porque tem mais vagas do que precisa. Podem usar escolas
vazias como creches, por exemplo. Além de remanejar alunos das escolas que
serão fechadas, a Secretaria de Educação quer dividi-las em 3 tipos: de 1º ao
5º, de 6º ao 9º, além do Ensino Médio. Nesse ponto, não há como não defender a
medida. Separar alunos por idade é a coisa mais sensata a ser feita e não
precisamos de mais delongas.
O governo diz que temos mais
vagas do que precisamos por 2 motivos, embora eu considere 3. Primeiro que há
uma migração dos alunos de escola pública para a particular nas últimas décadas,
como exposto acima. Segundo que os casais estão tendo menos filhos, não à toa o
nosso país está ficando mais velho, e com isso são menos crianças nas escolas.
O terceiro motivo é que a escola pública é uma merda mesmo, caso o contrário não
teríamos o primeiro motivo.
Em uma rápida pesquisa em
informações oficiais da Secretaria da Educação de SP e do IBGE, constatamos
serem verdadeiras as 2 razões apresentadas pelo Sr. Geraldo. Além disso, o Estado
de SP segue uma tendência nacional de transferência da Educação para as
prefeituras. Hoje no Brasil 66,5% das matrículas em escolas públicas são
municipais. Em SP a proporção está 51,3% para o Estado contra 48,7% para os Municípios.
Em 1995 os municípios de SP possuíam 677 mil alunos, hoje são mais de 2,3
milhões. Na contramão o Estado que possuía 6,5 milhões hoje tem menos que 3,8
milhões. Além de receber os prédios do Estado, os Municípios também constroem
suas unidades, resultando em mais vagas ociosas.
As matrículas no ano de 1995
somaram 8,2 milhões (público + privado), já em 2014 foram 7,4 milhões. Se
observarmos que entre os censos de 1991 e 2010 a população do Estado de SP cresceu
31%, qual a explicação para que as matrículas gerais tenham se reduzido em 10%?
A população tem menos filhos e está mais velha.
Para comprovar de forma mais
detalhada como os alunos de escola pública estão migrando para a particular,
observe que em 1995 tínhamos 7,2 milhões de alunos matriculados na escola
pública contra 1 milhão do ensino pago. Hoje esses números mudaram para 6,1
milhões e 1,3 milhões, respectivamente. Para bom entendedor do blog, esses
números bastam.
O governo está lá para cortar
gastos excessivos e investir onde mais é necessário. Seja qual for a real
intenção, para reinvestir na educação ou tampar rombos passados, o governo deve
reduzir custos sobressalentes, pois esse é o meu e o seu dinheiro. Deus queira
que essa economia se reverta em benefício para os alunos que estão lá estudando
e que não fiquemos colocando dinheiro para garantir vagas que nunca serão
preenchidas.
Eu acho que os argumentos da
oposição são muito fracos. “O governo é ladrão” e “o governo quer você burro”
são os mais toscos. Todo governo é ladrão, pois o sistema é ladrão, mas nem
toda atitude do governo é para prejudicar a população. O Estado não vai acabar
com as vagas, apenas com as escolas.
Ouvi em uma entrevista que os
alunos são apegados emocionalmente às escolas e aos funcionários. Além de pouco
importar, isso é mentira. Aluno é apegado aos seus amigos, que por sinal
migrarão com ele para outra escola, caso necessário.
“Os alunos terão que estudar mais
longe”. Pode ser que sim, pode ser que não, em todo caso será apenas 1,5Km de
onde já estuda hoje, caminhando com tranquilidade são 15 minutos.
“As escolas estão superlotadas”. Eu
estudei em escola pública por toda a vida, sempre com 40/ 45 alunos, o que eu
considero um bom número se eles tiverem um pingo de educação e respeito com o
professor. Nas escolas particulares não é diferente, mas se fizer merda lá, tá
fora.
Quantidade de escolas não se
traduz em qualidade de ensino. Hoje temos muitas escolas e o ensino é fraco.
Prefiro um mundo com menos escolas e mais recursos, ou melhor, os mínimos recursos,
coisa que não temos hoje. Computadores sucateados, internet que não funciona,
laboratórios fechados e bibliotecas paupérrimas são as condições atuais das
escolas de São Paulo.
Os grandes e verdadeiros opositores
dessa medida são os funcionários da educação e suas associações de classe. Exceto
os concursados, muita gente vai perder o trabalho. Diretores, inspetores e
professores contratados serão demitidos e é isso o que realmente incomoda. A
maior arma desse grupo é trazer os alunos e seus pais para o seu lado. Muitos votos,
rapaz!
O aluno não quer mudar de escola,
claro. Se ele estuda ali é porque gosta, é mais perto, mais fácil para ele. O
aluno não quer mudar, ele pouco se importa se o governo vai economizar, ele é
uma criança, ele é um adolescente, por isso mesmo esse é mais um argumento
fraco. Ele quer porque ele quer... eu quero tanta coisa. Escolas de bairro para
os menores, escolas de centro para os maiores, passado o impacto nessa geração
tudo será muito normal, como ocorre nos EUA. Pegar ônibus não faz mal a ninguém
e até faz bem.
Vamos cobrar melhoria no ensino e
na remuneração dos professores. Vamos lutar para que essa economia seja
reinvestida na educação. Não precisamos apenas olhar as manchetes e muito menos
nos transformar em marionetes de pessoas que lutam apenas pela sua classe.
O texto faz sentido , também pelos números apresentados
ResponderExcluirObrigado pelo comentário, Erick. Não devemos apenas olhas números para falar de educação, mas acredito que neste caso eles explicam muita coisa.
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