Temos várias pessoas no Brasil que sentem a necessidade de parecer que pensam fora da
caixa, que têm uma visão única do mundo e que suas posições sobre diversos
assuntos são revolucionárias e capazes de abrir a mente dos outros. Eu chamo de
pseudo intelectuais. Dependendo da sua opinião eu serei um pseudo intelectual
no final desse texto. Tudo bem, pode ser até verdade.
A última enxurrada de opiniões é sobre qual tragédia chorar.
Estamos discutindo se é mais válido se entristecer por uma tragédia na França
ou uma tragédia aqui em Minas Gerais. Vejo publicações nas redes sociais
condenando a forma com que os brasileiros estão tratando a o ataque terrorista,
colocando fotos de perfil com as cores da bandeira francesa ou compartilhando a
súplica “pray for Paris”.
Os que questionaram o fato de que os outros estão mais
preocupados com os franceses do que com os brasileiros não estão dando nenhuma
aula de solidariedade e, muito menos, de amor ao próximo. Quantificar
atrocidades é banalizar a morte e os supostos pensadores desse tipo de doutrina
se colocam em um pedestal intelectual e social em que certamente não estão.
Comparar a tragédia de Paris com os atentados na Síria faz
total sentido, por exemplo. Senti essa necessidade de "medir tragédias" quando
analisei a cobertura da imprensa internacional sobre o atentado ao Charlie Hebdo
e as atrocidades provocadas pelo Boko Haram na cidade de Baga (Nigéria), sendo que neste
último a Anistia Internacional contabiliza em torno de 2 mil mortos. A
diferença é que neste caso a revolta era mais com a imprensa do que com a
população em geral.
O rompimento da barragem em Minas Gerais foi resultado de má
gestão e negligência. Não existiu uma pessoa que propositalmente explodiu a
barragem para prejudicar a cidade e seus habitantes. Foi um acidente em que 11
pessoas morreram de forma estúpida e a evitável, uma cidade foi destruída e
milhares de famílias ficaram desabrigadas. A fauna e a flora da região levarão
décadas para serem reconstruídas. Lamentável.
A comoção em torno do caso de Paris está baseada na clara
vontade de um ser humano tirar a vida de outro. É a comprovação da falha da
vida em sociedade, é a total descrença em um mundo melhor, pacífico ou tolerável.
Atentados terroristas não devem ser comparados com acidentes nunca. O que os idiotas patriotas devem entender é que a divisão territorial é apenas uma linha imaginaria entre
os países, que não importa se a tragédia é Mariana, em Paris ou em Baga, o que
importa é que são vidas humanas desperdiçadas e SEMPRE um ato terrorista será
mais grave que um acidente, pois o terrorismo poda a nossa esperança. O terror
nos machuca física, mental e moralmente, abre feridas e mágoas que não curam.
Nem sempre pensar significa estar no lado oposto ao da
maioria. Costumo dizer que nada é pior que o novo religioso e o novo ateu, já
que os 2 acreditam que acabaram de descobrir uma verdade que os imbecis não
enxergam. A necessidade de se expressar a qualquer custo faz com que as pessoas
pensem de forma simplória e imediatista.
Ouvi nos últimos três dias todos os tipos de opiniões sem
sentido que se possa imaginar. Há os que multiplicaram por 40 o número de
mortos em Mariana apenas para basear sua tese ridícula. Outros se manifestaram com frases
como: “Tanto valor para um país que nem conhecem”, “200 pessoas na boate Kiss e
eu não vi ninguém em Paris chorando”. Tem gente fazendo relação dos refugiados sírios
com o atentado.
Matar pessoas, seja lá quantas forem, com o objetivo de impor
e calar é um crime contra a humanidade e a liberdade, não contra um parisiense.
Chore por Paris, chore por Baga, chore por Mariana. Esqueça
as linhas do mapa.
Abaixo alguns tipos de absurdos vergonhosamente publicados:
Olá Vinícius! Cada vez eu fico mais convencida que o problema do mundo são as fronteiras.
ResponderExcluirNós criamos todas as formas possíveis de diferenciar coisas iguais, como seres humanos. Obrigado pelo comentário.
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