Sem entrar na questão da máfia de
taxistas em São Paulo, por exemplo, que deveria ser combatida pelas
administrações municipais e nunca foi, seja o prefeito Maluf, Marta, Serra ou
Haddad, a profissão de taxista permitia ao profissional dar uma vida decente a
ele e a sua família. Garantia a estes profissionais uma renda de classe média.
Mas esta profissão está sendo substituída por um bico. O Uber é a precarização
do trabalho, tendo para esta carreira os mesmos efeitos que a terceirização da
CLT terá em outras carreiras.
O consumidor do Uber costuma ser
feliz. “Pago beeeem menos que no táxi e ainda ganho bala e água” é a frase
quase sempre repetida pelos seus usuários. O consumidor no sistema em que
vivemos é quase endeusado e não costuma muito se preocupar com os impactos
sociais de seu consumo, neste caso predatório. É no ato individual do consumo
que encontramos a verdadeira “felicidade”, prega o sistema. Como um patrão que
demite um funcionário com direitos trabalhistas e contrata para o lugar um
jovem estagiário louco para mostrar serviço e sem direito algum, a sociedade
está demitindo os taxistas para colocar no lugar os motoristas de Uber. Apenas
para pagar menos.
O Uber é uma empresa americana
que está criando um monopólio mundial no serviço de transporte de passageiros.
Vem fazendo isto de forma desregulada e se aproveitando de pessoas normalmente
em situações difíceis, dispostas a aceitar este emprego quase como um bico ou
um complemento de renda. Cresce em locais com alto índice de desemprego ou em
que há diminuição no nível de salários. Aposta em ganho de escala. Joga o custo
lá embaixo e ganha muito com a quantidade de pessoas que se sujeitam à sua
exploração. Ganhando um pouquinho com cada motorista, no final ganha um montão.
Para o motorista que efetivamente realiza o trabalho, fica o pouquinho que não
vira montão. O Uber é a destruição da profissão. Tudo com a concordância do
consumidor egoísta, que só quer pagar menos sem nenhuma preocupação com o
impacto social de seu consumo.
O capitalismo costuma destruir de
forma sedutora. No caso do Uber é oferecendo bala e água. Mas o forte mesmo é o
preço. Somos ensinados a querer pagar sempre menos e a não assumir nenhuma responsabilidade
por aquilo que consumimos. O consumidor é rei e sempre inocente. Compramos
Iphones produzidos com trabalho escravo na Ásia. Mas o que nos incomoda não é a
forma como ele é produzido, e sim a carga tributária que o torna “o Iphone mais
caro mundo”. Pagava-se um pouco mais para permitir uma vida digna aos taxistas.
Hoje paga-se menos para garantir a exploração de pessoas desesperadas por uma
empresa americana.
Para enfrentar esta fase, é
fundamental o consumo consciente. O racionalismo econômico nos diz que levamos
em conta apenas o preço na tomada de decisão. Seja irracional então. Compre da
pequena mercearia ao invés de comprar no hipermercado. Sempre que possível,
lembre que o seu dinheiro pode ajudar um pai de família dono de um pequeno
estabelecimento a comprar um presente para o filho ao invés de ajudar um CEO de
terno a viajar para Miami com o dinheiro do bônus que ele recebeu por demitir
funcionários com o belo nome de “reestruturação”. E não use Uber. Seu dinheiro
pode ajudar a garantir uma vida digna a um motorista ao invés de financiar um
sistema destrutivo de desvalorização do trabalho.
Então, adorei esse blog, acho que porque senti nele uma esquerda latente. Mas com relação ao que fala neste post, não sei bem como concordar ou discordar. A gente sempre vai procurar o melhor para o nosso bolso sem pensar 2x. Sou uma pessoa muito humana, amo ajudar o próximo, sofro com a pobreza e faço o que está ao meu alcance e as vezes o que não está. Não gosto de explorar ninguém, mas nunca consegui usar um táxi. Se usei em minha vida toda ( 47 anos) 5 vezes, eu pagando, foi muito. Já o uber, pra mim, veio a calhar e se eu tiver que pensar no bonus, nos EUA antes de escolher entre taxi e Uber, sinto muitissimo se os decepciono, mas vou de uber, sem pensar 2x. Faço outras coisas pra melhorar o mundo, que talvez seja mais valoroso do que a atitude de uma pessoa ao escolher o taxi pensando no mesmo e em sua familia. Com certeza, se meu dinheirinho desse. pensaria diferente, eu juro. Mas não posso me dar ao luxo de ser altruista nessa questão, mas garanto que sou ums er humano 10. Queira me conhecer....rs. Beijos
ResponderExcluirIrresponsabilidade completa botar esses caras no volante. Alem de nao ter troco as vezes, algo que nao encontramos nos taxis, falam mais do que devem e nao antecipam essa informacao, como se todo mundo fosse obrigado a ter a porra de um cartao de credito. PorrA, dinheiro é papel e ponto, sem falar que sociologicamente o contato mais proxima c o valor estipulado da força de trabalho acontece quando sai o preço de uma corrida.
ResponderExcluirDe agora em diante nao pego mais uber, nao peço mais p amigo pedir pra mim e a nao ser q seja carona nao ando mais em um, vou baixar de novo o taxi com desconto aqui no Rj o Taxi Rio q nunca aconteceu esse descaso como o de hj e os motoristas nao dao voltas por falta de conhecimento da cidade