terça-feira, 11 de agosto de 2015

DISCRIMINAÇÃO - VOCÊ FINANCIA ESSA MERDA!



Comprar carteira de motorista, subornar o guarda, furar fila, pagar meia entrada indevidamente, transferir pontos para a carteira de habilitação de outra pessoa e selecionar frequentadores na porta de baladas são práticas comuns na sociedade brasileira, sendo que esta última está no foco do debate neste momento.

As hostess das baladas de classe alta de São Paulo existem somente para dizer quem pode e quem não tem o direito de se divertir. É função desse profissional deixar a balada bonita e elegante, pois o ideal é que o seu consumidor possua 3 características básicas: dinheiro, educação e beleza. A beleza é um critério subjetivo, já que se aplica apenas ao produto de qualquer casa noturna, que são as mulheres.
Essa é a hora em que feminista pula da janela, e não é para menos. A sociedade vergonhosamente machista ainda trata a mulher como um produto e para os proprietários de casas noturnas não é diferente. Como quem entra em uma revendedora de carros, os homens buscam entrar em casas que tenham os produtos mais novos, bonitos e conservados, e os promotores dos eventos vendem isso a todo momento, ou você nunca ouviu frases do tipo “Os melhores DJ’s e muita gente bonita!”?
Os homens pagam mais caro e as mulheres são VIP. Essa prática já coloca a mulher como um objeto pronto para ser consumido, caso você esteja disposto a pagar por isso. Imagine o quanto se pode cobrar em um estabelecimento em que o produto é de primeira. A entrada VIP é a maior agressão ao orgulho e ao poder feminino, e não pelo argumento simplório repetido à exaustão pelos machistas de que se os direitos são iguais os deveres também devem ser, mas pelo o fato de a própria mulher se colocar em uma prateleira para ser usada como forma de atrair um público com vocação para beber, ostentar e, principalmente, gastar.


A seleção social já é triste, é a primeira barreira que deve ser vencida no caminho da “night”. O alto preço faz a primeira seleção natural das baladas classe A, e mesmo que você faça uma poupança para poder um dia desfrutar desse mundo não é certo de que vá conseguir, pois terá sempre no seu caminho uma hostess ou um segurança para medir a sua capacidade de estar naquele lugar. É nesse momento que o brasileiro passa da vergonha moral de um país de extremos para um povo criminoso e discriminatório.


Agora não venha você dizer que não sabe que isso acontece. Todos sabemos e em muitos casos compactuamos com isso, principalmente quando frequentamos locais que notoriamente praticam esse tipo de discriminação. Se você sentiria vergonha de usar uma roupa que foi feita por escravos ou de comer em um restaurante que não aceita gays, por que consumir esse produto da balada bonita? Como na maioria das mazelas desse país, fazer a sua parte é a principal forma de acabar com o problema. Se o público parar de procurar pelo slogan “muita diversão e muita gente bonita” quem sabem um dia as casas noturnas começarão a separar o público de forma natural, apenas pelo o seu gosto musical.

A prova de que não são apenas as baladas que são escrotas, mas o seu público também, vem dos EUA. Sean O'Brien é um homem acima do peso que decidiu dançar e se divertir, porém a foto abaixo foi postada com a seguinte legenda "Vi esse espécime tentando dançar na semana passada. Ele parou quando nos viu rindo".


Sean era apenas mais um ser humano tentando se divertir, mas as pessoas que publicaram essa foto gostariam que ele estivesse ali?
Em resumo, Sean se tornou um ícone antibullying e ganhou uma festa ao som de ninguém menos que DJ Moby. A hashtag #dancingman explodiu.

A sociedade tem que entender a sua parcela de culpa, já que a balada classe A só é assim porque vende, porque tem público. Fazendo uma comparação exagerada, toda a culpa do Holocausto recaiu sobre o regime nazista e o seu mentor Adolf Hitler, mas as pessoas se esquecem que os judeus eram odiados por toda a Europa, seja pela população ou por seus governantes, mas apenas Hitler teve a covardia coragem de fazer o que fez. Será que você, frequentador das baladas de luxo – e não são apenas as sertanejas, hein! –, não está financiando o crime? Será que você também não discrimina indiretamente? Será que na verdade você gosta e aprova isso? Será que você não paga caro justamente para que alguém mantenha certas pessoas bem longe? Pense bem, a sociedade também é você.

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