O dia 4 de dezembro foi
importante para mim. Após algum tempo, eu voltaria ao mercado de trabalho e
estava ansioso para o meu primeiro dia de emprego. Fui avisado de minha
contratação na semana anterior, no exato momento em que estava indo visitar uma
parente no hospital. Estava fazendo meu cadastro para poder subir ao quarto quando
recebi a ligação da empresa, ordenando que eu levasse meus documentos de cadastro
para contratação no dia seguinte. Tinha que ser no dia seguinte para dar tempo
de realizar todos os cadastros, me disse o funcionário do RH com voz de felicidade.
Terminei meu cadastro hospitalar, subi, dei um beijo em minha parente e fui
atrás dos meus documentos. Alguns deles eu ainda não tinha impresso. Como não
tenho impressora, parei em uma lan house. “O senhor já tem cadastro?”,
perguntou-me a atendente. “Não”, respondi eu, já procurando alguma máquina
vazia. “Preciso de um documento com foto para cadastro e liberação de máquina”.
Entreguei-lhe o documento solicitado e criei uma senha de 8 dígitos, com letra
maiúscula, minúscula, número e símbolo, fazendo todo o esforço para não esquecer
qual era esta senha recém criada nos oito segundos que separavam a menina do
cadastro e a máquina. Imprimi meus documentos, tirei alguns xerox e voltei todo
feliz para casa, com todos os documentos de cadastro já preparados. Fiz o
caminho entre a lan house e meu apartamento conferindo a documentação para que
não tivesse nenhum problema cadastral. Chegando em meu apartamento, fui
abordado pelo porteiro, que me disse que eles estavam fazendo o recadastro de
todos os moradores. Seria necessário que eu fosse até outro bloco do prédio com
um documento com foto para, em seguida, cadastrar minha biometria. Como eu já
estava no pique, fui naquele momento mesmo fazer este cadastro. Saindo de lá, a
fome bateu e resolvi passar no mercado para comprar qualquer coisa para comer.
Peguei uma bolacha, pão e salame e fui ao caixa. “O senhor já tem cadastro
aqui?”, perguntou-me a atendente. “O senhor pode ganhar descontos se o fizer,
tudo que preciso é de um documento com foto”. E lá estava eu, fazendo meu
cadastro no mercado. Voltando para casa, enquanto comia um sanduíche com
salame, entrei em algumas notícias que pediam o meu cadastro para que eu as
continuasse lendo. Quem não era cadastrado podia ler apenas as cinco primeiras
linhas. “Pelo menos posso usar o facebook para me cadastrar, já ganho um tempo”.
No dia seguinte, minha missão era
levar meus documentos para cadastro na firma. Meu plano era fazer os cadastros
necessários para começar a trabalhar de manhã e, durante à tarde, ir até a SP
Trans para fazer o meu cadastro para usar bilhete único mensal. Para evitar
fraude, era necessário levar um documento com foto para ter o benefício.
Cheguei à minha futura firma e fiz o primeiro cadastro na portaria do prédio.
Após ver meu documento com foto, a mulher da portaria me alertou que quando eu
começasse a trabalhar efetivamente seria necessária a realização de outro
cadastro. O cadastro de visitante é diferente do cadastro de funcionário, faz
sentido. Passei a catraca, subi o elevador e encontrei o rapaz que faria meu
cadastro na firma. Entreguei-lhe os documentos, examinados minuciosamente, e
tive meu cadastro pré-aprovado. Deveria procura-lo no meu primeiro dia de
trabalho para que o meu cadastro fosse liberado e finalizado. Peguei o
elevador, desci, mas não consegui sair pela catraca inicialmente. Houve um erro
no meu cadastro de visitante, o cartão que me deram liberava apenas a entrada e
não a saída. Erro corrigido, passei numa loja de chocolate que tinha na frente
da minha futura firma para sustentar meu vício. “Você não quer se cadastrar
para ser parte do nosso clube do café?”, perguntou-me a atendente da loja no
momento em que eu pagava minha conta. “Não tomo café”, respondi enquanto
estranhava o fato de que era necessário um cadastro para tomar café. “CPF na
nota?”, ela me perguntou. “Não, estou com um problema no cadastro da nota
fiscal paulista”, eu respondi. Saí de lá direto para a SP Trans. Entreguei uma
cópia do meu documento com foto para cadastro do bilhete único, que ficaria
pronto depois de alguns dias. Isto era sexta, voltei para casa para um merecido
período de dois dias sem cadastros até o início de minha nova experiência
profissional na segunda.
Chegando animado e bem vestido ao
novo trabalho, fui informado que ainda não podia entrar. A pessoa que liberaria
o meu cadastro ainda não havia chegado e eu tinha que espera-la. Nisso, meu
novo chefe chegou e liberou o meu cadastro. Fui apresentado aos meus novos
colegas e à minha nova máquina. Para usá-la, seria necessário que eu fosse até
TI para realizar o meu cadastro. Em seguida, fui instruído a ir até o RH
novamente para que realizasse meus cadastros para uso de crachá e do site da
ADP. Lá, descobri que os dois cadastros eram feitos por pessoas diferentes. Fiz
os dois cadastros e em seguida preenchi algumas fichas para cadastro no
convênio de saúde. Fui informado também que a empresa só realiza pagamentos em
um banco determinado no qual eu não tinha conta. Por isso, deram-me uma ficha
para que eu fosse até a agência bancária mais próxima e lá fizesse meu cadastro.
Quando voltei ao departamento, descobri que meu cadastro em TI ainda não havia
sido feito, por isso tinha tempo de já ir ao banco realizar o meu cadastro por
lá. Chegando à agência, abri minha conta e recebi as instruções de como deveria
realizar o meu cadastro para uso dos serviços na internet. Também recebi um
cartão provisório, o cartão permanente viria depois de alguns dias, quando eu
deveria retornar à agência para cadastrá-lo. Retornando à firma, fui informado
que TI tinha 24 horas úteis para realizar meu cadastro, então basicamente eu
não podia fazer nada naquele momento, sem cadastro. Vendo aquilo, uma das
pessoas do meu departamento perguntou se eu podia ajuda-lo em algumas coisas. Eu respondi que sim, ele me passou seu usuário
e senha e eu o ajudei a fazer alguns cadastros que estavam pendentes. A empresa
tem restaurante no local. Na hora do almoço, quase não comi. Aparentemente, meu
cadastro não estava completo no restaurante. Eu deveria ir até o RH pedir que a
pessoa responsável por este cadastro fizesse esta última liberação. “Desta vez
vou deixar passar”, disse a mulher no caixa. “Não dá pra fazer nada sem
cadastro”, disse-me algum colega. Fui ao RH, atualizei meu cadastro para o
restaurante, passei a tarde cadastrando outras pessoas e fui embora ainda sem
ter cadastro para usar minha máquina. “Amanhã, com meus cadastros feitos, já
começo a trabalhar de verdade”, pensei eu. “É verdade, não dá pra fazer nada
sem cadastro”.
Saí do trabalho, passei na
farmácia para comprar um remédio para minha parente que havia acabado de sair
do hospital, cadastrei-me lá para ganhar desconto e voltei pra casa. Fiz meu
cadastro para usar minha conta pela internet e peguei no sono. Por oito horas,
não fiz nenhum cadastro. Talvez, em algum momento, será necessário fazer um
cadastro para poder fazer isto também.
Ótimo texto, angustiante e desesperadamente familiar. Valeu o cadastro de acesso aos comentários, rs.
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