Há certo tempo que deixei de ter posição política definida.
O PT me decepcionou muito e, como paulista, não confio no PSDB. O PT também não
tem mais ideologia política, igualmente a mim, mas não divulga isso em um blog.
Por conta disso, me sinto a vontade para falar de qualquer
“lado” da política, pois para mim não votamos, mas simplesmente escolhemos que
irá brincar com o nosso dinheiro pelos próximos 4 anos. Todos tem a mesma
ideologia: Estar no poder.
O Brasil é um país que deu errado e nunca dará certo. É como
uma casa com a fundação mal feita, não adianta remendar.
O brasileiro ficou horrorizado com o “mensalão”. O
brasileiro exigiu e comemorou a punição dos envolvidos.
Mas, o que foi o mensalão? Esse esquema se tratou de uma manobra
para utilizar dinheiro público desviado através de diversas empresas públicas er privadas para comprar o apoio de partidos e o voto de
deputados. Claro que essa prática merece punição exemplar.
O que me intriga é que o governo tem uma ferramenta de
compra de votos de parlamentares totalmente legalizada e que não causa
estranheza na maior parte da população. Após cada eleição presidencial o novo
presidente precisa comprar o apoio de partidos que foram aliados na campanha e
que, provavelmente, serão aliados na Câmara e no Senado. Para isso, o novo
presidente doa Ministérios aos seus amiguinhos. Caso o partido seja nanico,
ganha uma Secretaria com status de Ministério.
Porque negociar Ministérios é tão normal assim? Ministérios
são verdadeiras empresas com orçamento na casa dos milhões (ou bilhões),
contratos com empresas privadas, que fazem licitações bilionárias e que
empregam muita gente. Ganhar um Ministério é ganhar o poder de trabalhar com o
dinheiro do contribuinte e a oportunidade de se beneficiar desse poder.
O Brasil é, realmente, um país que deu errado. A quantidade
de partidos políticos faz com que o presidenciável, para ter tempo de TV,
prometa um pedaço do bolo para cada aliado. A própria lei eleitoral ajuda a
corrupção. Esse problema não existiria se os partidos tivessem ideologia, mas
como o tempo de TV vale muito mais que ideologia, podemos ver fotos históricas como essas:
Depois de eleitos, os presidentes não governam se não
tiverem apoio no Senado e na Câmara. Então pague apoio com um ministério, ora!
O PMDB não se preocupa em ter presidente, isso é bobagem. O foco é ter
senadores e deputados.
O nosso sistema é uma porcaria.
Graças a esse “mensalão legal” temos hoje ministros
espetaculares. Marcelo Crivella é, por sua biografia, engenheiro civil, líder
religioso, escritor e cantor gospel. Pela dívida de Dilma Rousseff com o PRB, o
nosso cantor gospel exerce também a função de MINISTRO DA PESCA E AQUICULTURA.
O nosso ministro de Minas e Energia é o Edson Lobão.
Político, jornalista, advogado e íntimo da família Sarney, Edson é o
responsável por fazer o país produzir energia elétrica. Edson é filiado ao
PMDB, partido que é historicamente conhecido por ficar do lado que ganha e que está
no poder (ou melhor, ao lado dele) desde a ditadura. O PMDB consegue ter menos ideologia que o PT, mas o
ponto positivo é que não negam isso. Se José Serra tivesse ganho em 2010, Edson
Lobão seria ministro de Minas e Energia do governo Serra.
Não quero dizer que não podemos ter ministros de outra
formação acadêmica. O próprio José Serra foi um dos mais importantes e atuantes
ministros da saúde brasileiros, mesmo sendo economista. Mas existem casos em
que é visível a utilização de Ministérios como pagamento de apoio político.
Vimos recentemente casos em que partidos ameaçaram deixar a base do governo
se não “ganhassem” ministérios. O PMDB tem 5 Ministérios e quer o da
Integração Nacional. A moeda de troca será o apoio à Dilma Rousseff em outubro.
Outro problema recorrente da venda de cargos é a necessidade
de se criar mais Ministérios. O Brasil conta com 39 Ministérios ou “Secretarias
com status de Ministério” e o custo para manter essa engrenagem é de R$ 58
bilhões anuais. Para se ter ideia da inutilidade de tantos Ministérios, Barack
Obama governa a maior economia do mundo com 15 pastas, a França possui 20, o
Japão 19 e a Rússia 30. O Brasil tem tantos Ministérios que não existe mais espaço na Esplanada e o governo paga aluguel para sediá-los. Daqui a pouco teremos Ministérios em Sobradinho e Taguatinga, por falta de espaço em Brasília.
Eu, particularmente, prefiro o mensalão. O dinheiro desviado
não deve representar 0,01% das negociatas que rolam nos Ministérios e evita que
brinquem diretamente com saúde, educação, segurança, transportes, infraestrutura...
Vender poder sempre será uma prática de qualquer presidente
brasileiro. Não sei se já escrevi isso, mas o Brasil é um país que deu errado.
Até o próximo post.
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