Sou corintiano, mas gosto de
futebol e venho acompanhando a vida política palmeirense. Se você é daqueles palmeirenses
que no final me mandarão cuidar do meu time, pare por aqui e digite o site do Avanti no seu navegador.
Vejo Paulo Nobre como um dos
caras mais bem intencionados do futebol. Ele ama o Palmeiras, ele faz o que eu
sempre digo que faria se ganhasse na loteria, ele coloca dinheiro do próprio
bolso no clube.
Paulo Nobre assumiu o clube em
ano de série B e pior, após a presidência de Arnaldo Tirone. Fez o que tinha
que ser feito, montou um time barato e eficiente, contratou especialistas ao
invés de distribuir cargos aos conselheiros que gostam de brincar de ser dirigente.
Ao fazer do Palmeiras campeão da série B não fez mais do que a obrigação.
Herdou muitas cagadas como o estádio, Valdívia e Wesley. Fez algumas cagadas
como Barcos e Kardec.
Paulo Nobre instaurou a política
da produtividade. Uma idéia muito boa para times pequenos ou com um elenco de renegados.
Os jogadores que Paulo Nobre contratou vieram com esse tal contrato de
produtividade e o Palmeiras montou um time de renegados bem competitivo.
Assisti boa parte da imprensa
idolatrar o novo manager após a primeira fase do Paulistão, mas na minha cabeça
sabia que esse castelinho iria desmoronar logo que fosse empossado o primeiro
rei. Alan Kardec chegou a condição de selecionável e pronto, the bomb has been
planted.
No elenco palmeirense existem
altos salários para jogadores questionáveis ou não. Prass, Valdívia, Wesley e
até Gilson Kleina inflam a folha de pagamentos. Prass é um bom goleiro, é útil,
mas já tem 35 anos. Wesley chegou por 21 milhões de reais, deve sair de graça
sem grandes conquistas. Gilson Kleina viu seu cargo ser colocado à disposição
de inúmeros gringos para o ano do centenário, o que se tornou um tiro no pé
para a diretoria que teve que ficar com o treinador por 300 paus. O Valdívia
não merece muitos comentários, todos sabem que foi um mau negócio e que o
Palmeiras o trocaria por uma Kombi, apenas para se livrar do seu salário.
Depois da saída do craque Barcos
a diretoria do Palmeiras tentou acertar novamente e conseguiu. Alan Kardec
chegou junto com espirituosos trocadilhos – como este – mas surpreendeu muita
gente. Um bom jogador renegado pela Europa, perfil “Nobrelesco” de
contratações. Paulo Nobre também rompeu com as organizadas, atitude louvável e
digna de admiração, mas todos sabem que uma hora se paga o preço da ousadia.
Kardec virou o jogador mais
querido pela torcida; estava resolvendo. São Paulo, Corinthians, Grêmio, todos
interessados no jogador e, como na economia, existe a lei da oferta e da
procura. Acertar contratos de produtividade com jogadores em que ninguém mais
acredita é uma coisa, mas propor contratos de produtividade para as novas
estrelas é algo muito difícil. Depois de semanas de negociação, tudo caminhava
para um final feliz palmeirense; Paulo Nobre conseguiria o seu contrato de
produtividade e o camisa 14 conseguiria o seu aumento de salário fixo para 220
mil. Em um lapso estrelismo, autoritarismo, graça ou burrice, o nosso
milionário piloto de rally decidiu que pagaria 200 mil reais e nada mais;
segundo o pai do jogador a diferença foi de 5 mil (pagaria 215 mil), fato que
vou ignorar para que não fique ridículo. Alan Kardec é trabalhador, como todos
nós, e tinha uma proposta são-paulina de 350 mil reias mensais (e fixos) nas
mãos; nessa história não existe mercenário, existe o burro. Kardec cumpriu o
seu contrato, se valorizou e deve ser pago pelo o que está jogando. Se o
Valdívia ganha 400, o Kardec pode que pedir 500, se quiser. Jogador gosta de
salário fixo, pois trabalha com o corpo e se estourar o joelho, quer estar
garantido. Paulo Nobre e Brunoro querem tratar jogador que nem funcionário
público: 30% de salário base + 70 de gratificações. Hoje quem está feliz é o
Kardec; ganha 350 mil, receberá luvas e caso trinque uma vértebra e não possa
jogar por 4 anos, ganhará 350 mil reais mensais. Quanto ao São Paulo ainda não
sabemos, mas os que perderam foram Nobre, Brunoro, Gilson Kleina e,
principalmente, a torcida que canta e vibra.
Por uma birra de 20 mil reais
Paulo Nobre conseguiu trazer contra si, além de oposição e organizadas, o
torcedor comum; esse torcedor que fez de Alan Kardec o recordista na venda de
camisas nas lojas palmeirenses, o torcedor que clama por um centenário melhor
que o dos rivais, o torcedor que viu o seu time ser eliminado pelo Ituano, justo
nesse ano tão importante. Organizadas estão com as pedras na mão e dispostas a
recuperar o espaço nas arquibancadas que perderam com o Avanti.
Já foi lançada uma campanha para
o pagamento do Avanti por
produtividade, como gosta o Paulo. Se o Palmeiras ganha, recebe. Se não ganha,
não recebe. É mais uma vez a política destruindo todo o romantismo do futebol,
pois até os ditos mais fanáticos estão usando uma situação em benefício próprio;
o problema é que foi Nobre quem deu a munição.
O Palmeiras acaba de contratar Henrique,
da Portuguesa, para o lugar de Kardec. É como perder uma geladeira e comprar
isopor com gelo. Mas essa é a nova política palmeirense: Compre barato,
valorize o jogador e deixe-o ir, sempre na esperança de acertar outra vez.
Acertaram com Barcos e Kardec, a bola da vez é o Henrique, que promete fazer
jus à “linha atacante de raça”, mas somente isso. O Palmeiras de outrora que
era ponte e vitrine para a Europa não existe mais, agora se tornou vitrine para
outros grandes clubes brasileiros, infelizmente.
Burrice, aliada ao poder e a teimosia
faz com que o ídolo do time pule o muro para o rival; tudo isso por conta de 20
– ou 5 – mil reais, muito menos do que
um final de semana de rally na Grécia.
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