sábado, 6 de janeiro de 2018

O pastor Meirelles, as ovelhas e as eleições de 2018


Henrique Meirelles sonha ser presidente da República. Ex-presidente do Banco Central durante a gestão Lula, tendo assumido este cargo três meses após ser eleito senador pelo PSDB em Goiás, mostra-se desde sempre uma pessoa maleável do ponto de vista político. Presidente da J&F, dona da JBS, durante boa parte do período de crescimento financiado pelo poder público da empresa, tem sido poupado pelo Poder Judiciário inquisidor até o momento. O ex-senador do PSDB que se tornou ministro da gestão petista aceitou em 2016 ser ministro da gestão do PMDB, que era vice na chapa do PT, mas se aliou ao PSDB para chegar ao poder através de um impeachment mal explicado. Meirelles, aliás, hoje é do PSD, partido cujo lema é “O Partido sem Ideologias”.
Meirelles tenta agora obter apoio da camada evangélica para realizar seu grande sonho. Para isto, tem feito diversas reuniões com lideranças religiosas e frequentado cultos, onde às vezes até cria coragem para pregar. Não é tão difícil para uma pessoa como Meirelles chegar a um discurso que agrade pessoas que se consideram fiéis a uma entidade superior. Os evangélicos acreditam em Deus, uma pessoa ou instituição invisível, que mora no céu, que enxerga tudo que você faz e está com você o tempo todo, que te beneficiará se você fizer aquilo que ela gosta e te punirá caso você faça algo em desacordo com suas leis (estou quase copiando um texto de George Carlin aqui, aliás). Henrique Meirelles é neoliberal e acredita no mercado, uma instituição invisível, que enxerga tudo que você faz e está com você o tempo todo, que te beneficiará se você fizer aquilo que ele gosta e te punirá caso você faça algo em desacordo com suas ideias. Basta a Meirelles dizer nestes templos aquilo em que acredita, substituindo a palavra mercado pela palavra Deus, e ele arrebatará os fieis.
Uma tônica da próxima eleição será a união entre forças religiosas e conservadoras e o mercado. Um precisa do outro para conseguir ir ao segundo turno enfrentar provavelmente o candidato de Lula. Por isso, Bolsonaro tem se reunido com líderes do mercado, até contratou uns economistas para lhe dizer exatamente o que ele deve falar nestes encontros, e os candidatos de mercado têm ido atrás de líderes religiosos. O discurso é quase sempre o mesmo, o estado não deve interferir na economia, mas pode interferir em outros aspectos, como em questões de opções sexuais, por exemplo. Liberdade para o dinheiro, encheção de saco para as pessoas, este é o lema.  Aplausos são ouvidos cada vez que o termo “redução de impostos” é dito. Ricos e Igrejas odeiam pagar impostos, afinal.

Se conseguir fazer vingar sua candidatura, Meirelles tentará dizer que a gestão petista “destruiu o Brasil”, ao mesmo tempo em que dirá que o período em que foi ministro, durante a era petista, foi um período maravilhoso. Precisará chegar ao segundo turno e obter 50% dos votos. Em todas as pesquisas, até o momento, aparece com 2 ou 3%. Tem como grandes marcas na sua gestão como Ministro da Fazenda as Reformas Trabalhista e da Previdência, ambas rejeitadas pela maior parte da população e que só foram possíveis porque foram realizadas por um governo que não passou pelas urnas. Mesmo assim, Meirelles acredita que será eleito. Haja fé !

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