Previsões catastróficas são escritas por dois tipos de pessoas: as que desejam que aquilo não ocorra de jeito nenhum e as colocam o bem estar social abaixo do seu próprio ego e torcem para estarem certas. Porém as previsões catastróficas somente são publicadas com o discurso do desejo de que elas não se realizem. A minha premissa sobre escritores apocalípticos me coloca em descrédito, porém eu não desejo que o Brasil eleja Jair Bolsonaro.
Ao contrário do que pensa o Cabo
Daciolo, a união das esquerdas é impossível. Se na Ursal derrubaremos unidos as
fronteiras da América Latina e criaremos um grande país comunista, na vida real
não conseguimos nem fechar questão em torno de uma candidatura presidencial
brasileira. O grande culpado é o PT e o resultado de tudo isso conheceremos em
até 1 mês, data em que, tomara, esse texto seja finalmente um punhado de
análises infantis de um blog.
A candidatura de Lula é parte da
defesa do presidente. Gleisi Hoffman já disse que a possibilidade de não ter
Lula na cabeça de chapa seria como abandoná-lo e endossar o golpe, que só
restava ao partido seguir com a candidatura até o limite. O limite chegou em 11
de setembro, quando Haddad assumiu a dianteira da campanha.
O partido de 38 anos e qualquer
brasileiro de 12 sempre souberam que o poder judiciário brasileiro é o golpe,
custa imaginar que alguém dentro do PT acreditasse cegamente que a apelação
surtiria efeito e em um simples passe de mágica o TSE aprovasse o barbudo na
urna. O ministro Barroso do STF, inclusive, tentou cercear de todas as formas o
uso da imagem de Lula pela campanha de Haddad. Sergio Moro retirou o sigilo da
delação de Palocci restando 6 dias para o pleito, além da mais recente guerra
de togas no STF em torno da entrevista de Lula à Folha de São Paulo, absurdos
totalmente previsíveis já que, como dizem, “de onde não se espera nada, daí é
que não vem nada mesmo”.
Lula é o maior presidente da história
brasileira. Há quem diga que ele é o maior presidente mundial do século 21,
concordo com as duas teorias. Lula tem competência para erradicar a fome,
melhorar a economia, impulsionar o consumo (muitas ressalvas aqui), fazer
política externa como poucos, estreitando relações tanto com os países vizinhos
quanto com o G8. Lula só não tem vocação para ser mártir.
Ninguém pode exigir sacrifícios do
outro. Não podemos pedir que Lula seja Mandela. Retirar-se do cenário eleitoral
em 2018 seria retirar dos autos mais arbitrariedades judiciárias necessárias
para a argumentação internacional de prisão política. O fato é que a
indissociável imagem de Lula e do PT gerou uma relação de gratidão e
dependência. Se alguns pensavam que a indicação petista de Lula e,
principalmente, a manutenção dessa indicação às portas da eleição, tenha sido a
visão egoísta de um partido que tudo faz pelo poder se enganou, a candidatura é
uma recompensa ao militante mais importante do partido. O PT colocou Lula à
frente do Brasil.
Mais claro do que o golpe era a forma
de acabar com ele agora em 2018. A união dos dois principais partidos de
esquerda do país era vista por todos como a maneira mais fácil de barrar o
processo de destruição social imposta pelo impeachment e o desgoverno dos
últimos 4 anos. Ciro/ Haddad soava como música aos ouvidos de grande parte da
fragmentada esquerda, seria o descanso do PT, a oportunidade do experiente Ciro
e a projeção de Fernando Haddad, o futuro do Partido dos Trabalhadores.
Em uma análise pragmática, com o
objetivo de barrar a ofensiva do golpe, essa seria realmente a melhor opção. Um
candidato conhecido no país inteiro, com reputação ilibada, que fez do nordeste
o seu reduto político e com pouca rejeição. Tudo isso com o apoio de Lula
formaria a equação básica da eleição, quem sabe em primeiro turno. O PT não
quis assim e preferiu seguir a agenda da defesa de Lula.
Com essa estratégia o PT decidiu arriscar
e como disse Ciro "é a estratégia que leva o país a dançar na beira do
abismo".
Estamos a 5 dias das eleições.
Estranhamente Bolsonaro subiu após as manifestações do #elenão e hoje há um
empate técnico entre Bolsonaro e Haddad no segundo turno. O duelo de rejeições
será a temática e por mais incrível que pareça não sei se o Brasil ficará com o
antipetismo ou com o antifascismo. É hora de salvar o primeiro turno e
acreditar na máxima de que o segundo é outra eleição.
Esse post está longe de ser uma ode
ao Ciro Gomes. Admiro a coragem de Fernando Haddad, que ignorou a reeleição
para poder fazer na capital paulista o que era necessário à população, o
prefeito que enfrentou a divindade automotora paulistana para fazer prevalecer
o transporte público e as bicicletas. Sou o típico Haddiro e voto 12,5. Meu
voto será útil, baseado nas pesquisas de boca de urna.
Justamente por esse pensamento de
“tanto faz” queria vê-los juntos, mas unidade é um sentimento que não existe na
Ursal. Outra coisa que eu gostaria de ver era o PT diminuir o campo
gravitacional em torno dele, gostaria de ver o principal partido político do
país pensar primeiro no que fazer para erradicar o fascismo. Lula teria o poder
para mudar, uns dizem que não o fez por ser narcisista, mas eu acredito que
simplesmente escolheu não ser o mártir, e nem tem a obrigação disso. Costumo
dizer que o PT foi para o ALL IN, e
com as nossas fichas.
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