domingo, 30 de junho de 2019

A distopia tropical, os aloprados e o dono do puteiro




Veio-me à cabeça nestes dias a ideia de escrever um conto distópico, passado ainda não sei exatamente em que lugar e que ainda não conheço ao certo o final. Eis o que tenho até agora.
Num grande país tropical, um ex-capitão fracassado e aloprado chega ao poder graças a uma aliança muito louca, que envolve grupos fanáticos de evangélicos manipulados por pastores charlatões, policiais desonestos que formam milícias que controlam o crime organizado, empresas fabricantes de armas e o dono do puteiro. Chegando ao poder, o capitão aloprado começa a atender os interesses de cada um destes grupos. Começa pelos pastores charlatões. Um deles é dono de um grande grupo de mídia de propriedade do pastor mais charlatão, que começa a receber milhões do governo do capitão em publicidade fajuta, recebendo uma cobertura de seus meios de comunicação que mais lembra uma assessoria de imprensa. Em segundo lugar, vem o agrado às empresas fabricantes de armas. Mas antes disto, é importante citar um outro personagem fundamental para o conto distópico.
A ascensão do capitão aloprado ao poder só foi possível graças à ação de um juiz aloprado. Sem provas, este juiz aloprado colocou na prisão o grande inimigo político do capitão aloprado e, como prêmio, tornou-se ministro aloprado do governo aloprado. Já no final do conto, um jornalista descobre que o à época juiz aloprado atuou como advogado de acusação no caso do inimigo do capitão aloprado, fraudou provas, fez o diabo. Para se defender das acusações, o ministro aloprado apoiou uma manifestação de aloprados que, entre outras coisas, pede a expulsão do jornalista do país tropical e o fechamento do poder judiciário. Mas me adiantei um pouco na história. Desculpa.
Já no começo do governo do capitão aloprado, o ministro aloprado foi o responsável por escrever um decreto que flexibilizava a posse de armas no país tropical. As ações das empresas fabricantes de armas explodiram graças a isto, para felicidades dos aloprados. Em outro decreto, o ministro aloprado quer praticamente permitir que forças policiais possam utilizar arma de fogo contra qualquer suspeito, sem risco algum de processo por isto, facilitando muito a ação dos policiais desonestos que montaram milícias criminosas.
Um grande aliado do capitão aloprado e do ministro aloprado é um outro ex-juiz aloprado, que se tornou governador graças à alopração tropical. Sua grande promessa de campanha era basicamente colocar as forças policiais para matar sempre que possível, recebendo para isto auxílio do outro ex-juiz aloprado que, agora como ministro aloprado, quer legalizar isto. Grande aliado das milícias, o grande feito do governador aloprado até o momento foi uma ação em que sobrevoou uma região pobre de seu estado de helicóptero apontando uma metralhadora contra inocentes. Bom, chegou a hora de entrar na história um personagem importante da aliança que levou o capitão aloprado ao poder e que é o primeiro a se foder na loucura toda, o dono do puteiro.
O país tropical realiza uma vez por ano uma importante e chata corrida de automóveis, sendo este evento o ápice do ano no setor da putaria. Pessoas ricas de todo o continente vêm de toda parte do continente para ver os carros correndo e organizar putarias. Acontece que as milícias policiais que financiam o governo do capitão aloprado estão investindo nos mais diferentes ramos de negócios na segunda maior cidade do país tropical, cidade-natal do capitão aloprado e governada pelo governador aloprado. Dois ramos em que a milícia começa a entrar são jogos de azar e putaria. Quanto ao primeiro, já há um movimento de deputados do partido do capitão aloprado tentando vender o Br..., desculpa, o país tropical como “a nova Las Vegas”. Quanto ao ramo da putaria, as milícias apostam na corrida de automóvel para expandir seus negócios e ganhar muito dinheiro com a putaria dos fãs de automobilismo. Do nada, o capitão aloprado, ao lado do governador aloprado, anunciou que a corrida de carros seria agora na sua cidade-natal, emputecendo o dono do puteiro, seu ex-aliado que vai perder uma fortuna ao não ter mais o grande evento da putaria continental próximo ao seu estabelecimento. Numa situação inexplicável, o Exército, sim, o Exército, decidiu doar um terreno gigante para o governador aloprado construir um local para a corrida de carros na cidade-natal do capitão aloprado. Às pressas, apareceu um grupo aloprado querendo construir o autódromo para esta corrida. Ninguém sabe direito quem é este grupo, nem como ele vai lucrar com a pista, mas talvez seja alguém que vai lucrar muito em outro tipo de negócio graças à corrida. Tipo algum grupo que anda investindo na putaria, sei lá.
O dono do puteiro está puto e se sente traído. Quando o grande inimigo do capitão aloprado foi preso pelo ministro aloprado, o dono do puteiro organizou putarias públicas em homenagem aos dois. Mostra-se arrependido e já começa a trabalhar para evitar a mudança do local da corrida de carros. Tem como principal aliado para isto o governador de seu estado, grande cliente dos estabelecimentos do dono do puteiro. O governador putanheiro, embora aliado, sonha em rivalizar com o capitão aloprado na próxima eleição presidencial e perder a corrida de automóveis significaria uma primeira derrota.
Todos querem o cargo do capitão aloprado. O ministro aloprado que defende o fechamento do Judiciário, o governador aloprado que comete genocídio em seus estado e o governador putanheiro que viaja o mundo enquanto governa. Quem vai mandar na putaria pelos próximos anos? Ainda não se sabe ao certo. Mas tenho medo (e muito!) dos próximos capítulos. A inocência do inimigo do capitão aloprado já está provada, mas mesmo assim ele segue preso. Não há imaginação capaz de lidar com o terror que este conto distópico pode significar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário