Veio-me à cabeça nestes dias a
ideia de escrever um conto distópico, passado ainda não sei exatamente em que
lugar e que ainda não conheço ao certo o final. Eis o que tenho até agora.
Num grande país tropical, um
ex-capitão fracassado e aloprado chega ao poder graças a uma aliança muito
louca, que envolve grupos fanáticos de evangélicos manipulados por pastores
charlatões, policiais desonestos que formam milícias que controlam o crime
organizado, empresas fabricantes de armas e o dono do puteiro. Chegando ao
poder, o capitão aloprado começa a atender os interesses de cada um destes
grupos. Começa pelos pastores charlatões. Um deles é dono de um grande grupo de
mídia de propriedade do pastor mais charlatão, que começa a receber milhões do
governo do capitão em publicidade fajuta, recebendo uma cobertura de seus meios
de comunicação que mais lembra uma assessoria de imprensa. Em segundo lugar,
vem o agrado às empresas fabricantes de armas. Mas antes disto, é importante
citar um outro personagem fundamental para o conto distópico.
A ascensão do capitão aloprado ao
poder só foi possível graças à ação de um juiz aloprado. Sem provas, este juiz
aloprado colocou na prisão o grande inimigo político do capitão aloprado e,
como prêmio, tornou-se ministro aloprado do governo aloprado. Já no final do
conto, um jornalista descobre que o à época juiz aloprado atuou como advogado
de acusação no caso do inimigo do capitão aloprado, fraudou provas, fez o
diabo. Para se defender das acusações, o ministro aloprado apoiou uma
manifestação de aloprados que, entre outras coisas, pede a expulsão do
jornalista do país tropical e o fechamento do poder judiciário. Mas me adiantei
um pouco na história. Desculpa.
Já no começo do governo do
capitão aloprado, o ministro aloprado foi o responsável por escrever um decreto
que flexibilizava a posse de armas no país tropical. As ações das empresas
fabricantes de armas explodiram graças a isto, para felicidades dos aloprados.
Em outro decreto, o ministro aloprado quer praticamente permitir que forças
policiais possam utilizar arma de fogo contra qualquer suspeito, sem risco
algum de processo por isto, facilitando muito a ação dos policiais desonestos
que montaram milícias criminosas.
Um grande aliado do capitão aloprado
e do ministro aloprado é um outro ex-juiz aloprado, que se tornou governador
graças à alopração tropical. Sua grande promessa de campanha era basicamente
colocar as forças policiais para matar sempre que possível, recebendo para isto
auxílio do outro ex-juiz aloprado que, agora como ministro aloprado, quer
legalizar isto. Grande aliado das milícias, o grande feito do governador
aloprado até o momento foi uma ação em que sobrevoou uma região pobre de seu
estado de helicóptero apontando uma metralhadora contra inocentes. Bom, chegou
a hora de entrar na história um personagem importante da aliança que levou o
capitão aloprado ao poder e que é o primeiro a se foder na loucura toda, o dono
do puteiro.
O país tropical realiza uma vez
por ano uma importante e chata corrida de automóveis, sendo este evento o ápice
do ano no setor da putaria. Pessoas ricas de todo o continente vêm de toda parte
do continente para ver os carros correndo e organizar putarias. Acontece que as
milícias policiais que financiam o governo do capitão aloprado estão investindo
nos mais diferentes ramos de negócios na segunda maior cidade do país tropical,
cidade-natal do capitão aloprado e governada pelo governador aloprado. Dois
ramos em que a milícia começa a entrar são jogos de azar e putaria. Quanto ao
primeiro, já há um movimento de deputados do partido do capitão aloprado tentando
vender o Br..., desculpa, o país tropical como “a nova Las Vegas”. Quanto ao
ramo da putaria, as milícias apostam na corrida de automóvel para expandir seus
negócios e ganhar muito dinheiro com a putaria dos fãs de automobilismo. Do nada,
o capitão aloprado, ao lado do governador aloprado, anunciou que a corrida de
carros seria agora na sua cidade-natal, emputecendo o dono do puteiro, seu
ex-aliado que vai perder uma fortuna ao não ter mais o grande evento da putaria
continental próximo ao seu estabelecimento. Numa situação inexplicável, o
Exército, sim, o Exército, decidiu doar um terreno gigante para o governador aloprado
construir um local para a corrida de carros na cidade-natal do capitão
aloprado. Às pressas, apareceu um grupo aloprado querendo construir o autódromo
para esta corrida. Ninguém sabe direito quem é este grupo, nem como ele vai lucrar
com a pista, mas talvez seja alguém que vai lucrar muito em outro tipo de
negócio graças à corrida. Tipo algum grupo que anda investindo na putaria, sei
lá.
O dono do puteiro está puto e se
sente traído. Quando o grande inimigo do capitão aloprado foi preso pelo
ministro aloprado, o dono do puteiro organizou putarias públicas em homenagem
aos dois. Mostra-se arrependido e já começa a trabalhar para evitar a mudança
do local da corrida de carros. Tem como principal aliado para isto o governador
de seu estado, grande cliente dos estabelecimentos do dono do puteiro. O
governador putanheiro, embora aliado, sonha em rivalizar com o capitão aloprado
na próxima eleição presidencial e perder a corrida de automóveis significaria
uma primeira derrota.
Todos querem o cargo do capitão
aloprado. O ministro aloprado que defende o fechamento do Judiciário, o
governador aloprado que comete genocídio em seus estado e o governador putanheiro
que viaja o mundo enquanto governa. Quem vai mandar na putaria pelos próximos
anos? Ainda não se sabe ao certo. Mas tenho medo (e muito!) dos próximos
capítulos. A inocência do inimigo do capitão aloprado já está provada, mas
mesmo assim ele segue preso. Não há imaginação capaz de lidar com o terror que
este conto distópico pode significar.
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