O candidato fascista foi ao Roda
Viva e falou um monte de asneiras. Amanhã vai à sabatina da Globo News e
provavelmente repetirá as mesmas asneiras. Os jornalistas, completamente
incapazes de lidarem com ele, ficarão chocados.
O candidato fascista disse,
basicamente, que a escravidão é uma farsa e que não há consequências atuais
dela na nossa sociedade. Que ele “não tem culpa” e que não foi obra do branco
europeu. Leandro Narloch diz a mesma coisa no best seller “Guia Politicamente
Incorreto da História do Brasil”. O
livro se tornou a base para toda pessoa idiota que quer repetir idiotices sobre
a história do país. Boa parte do sucesso da obra se deve à Revista Veja, na
qual Narloch trabalhava e que divulgou o livro a exaustão, como uma visão
alternativa da história àquela que “os comunistas ensinavam”. Até ano passado,
Narloch tinha uma coluna chamada “Caçador de Mitos” no site da revista em que,
vejam só, ele caçava notícias “falsas” na mídia, que segundo ele tinham
conotação “esquerdista”. Thaís Oyama, chefe de redação da revista Veja, era uma
das entrevistadoras do candidato fascista e sua foto horrorizada com a resposta
do fascista sobre a escravidão se tornou meme. A chefe da revista que tornou best
seller o livro em que o candidato fascista “aprendeu” a sua visão de história
agora se diz horrorizada. Algum dos canais de TV a cabo, vejam só, resolveu
transformar o livro de Narloch em programa de TV. Vários historiadores deram
depoimentos ao canal SEM SABER que era para um programa sobre este livro. Tipo
pegadinha. Quando souberam, tiveram que entrar na justiça para impedir que suas
imagens fossem utilizadas para propagar um programa sobre um livro que é ridicularizado
no meio acadêmico. Este meio, aliás, é predominantemente de esquerda. Na grande
mídia, porém, apenas dois historiadores possuem algum espaço, coincidentemente
os dois de direita: O “caçador de mitos” Narloch e Marco Antônio Villa. A mídia
não se chocou em nenhum momento com isto.
O candidato fascista disse também
que iria resolver o problema da Rocinha metralhando. Mais choque entre os
jornalistas. Ratinho, há anos, diz que resolveria o problema das cadeias com um
botijão de gás. Rachel Sheherazade defendeu a tortura a um menor que havia
praticado um furto. Ambos fazem isto na segunda maior emissora de TV do país.
José Luiz Datena, quase candidato ao senado por SP, passa as tardes usando o
termo “guerra” para se referir à violência urbana nas nossas grandes cidades.
Pedindo ação do Exército. A mídia não se chocou em nenhum momento com isto.
O candidato fascista desmereceu o
programa de cotas, causando desconforto no jornalista do Globo. Alexandre
Garcia, um dos poucos jornalistas da emissora do grupo que possui total
liberdade de opinião, disse num editorial que o sistema de cotas estava
inventando o racismo no país. A mesma emissora faz uma novela na Bahia
praticamente sem atores negros. Não possui praticamente nenhum apresentador
negro. A mídia não se chocou em nenhum momento com isto.
Qualquer tentativa de diversificar
a mídia era chamada de “censura”. Órgãos de grande mídia agora entram na
justiça para impedir que Intercept, El País e BBC trabalhem no Brasil.
O candidato fascista contou um
outro monte de mentiras. A Revista Veja de Oyama trouxe em sua capa há alguns
anos uma capa que falava que Cuba havia enviado dinheiro para campanhas
petistas em caixas de uísque. Era mentira e não houve retratação. A Revista
Isto É trouxe na capa da semana anterior à passeata que foi fundamental para a
queda de Dilma a delação do ex-senador Delcídio Amaral. Esta delação não foi
homologada pela Justiça porque era falsa. Não houve retratação.
O candidato fascista é fruto de
anos de histeria antipetista infladas pela mídia. Todos os absurdos que ele diz
foram espalhados pela grande mídia por anos com o objetivo de enfraquecer a
gestão petista. O Judiciário, diziam, estava sendo “aparelhado”, este mesmo
Judiciário que hoje vota contra o PT praticamente sempre. O programa do governo
de discutir igualdade de gênero e combater o preconceito nas escolas foi
chamado de kit gay e a mídia repetia que “estavam ensinado as crianças a serem
gays”.
O candidato fascista é fruto de
um processo de emburrecimento e paranoia financiado pela grande mídia, que
agora se diz chocada. As mentiras, loucuras e agressões já estavam aí há muito
tempo. A mídia lida com o monstro que criou. Thais Oyama deveria enxergar nas
asneiras do candidato fascista o “bom serviço” da revista para a qual trabalha.
“Deu certo”. O único candidato que venceria o candidato fascista está preso num processo esquisito. O juiz que o prendeu disse que teme que o resultado das eleições possa atrapalhar seu trabalho. A grande mídia ainda não se choca com o juiz que vê na democracia um empecilho. Ainda...
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