quinta-feira, 2 de agosto de 2018

A grande mídia e o candidato fascista



O candidato fascista foi ao Roda Viva e falou um monte de asneiras. Amanhã vai à sabatina da Globo News e provavelmente repetirá as mesmas asneiras. Os jornalistas, completamente incapazes de lidarem com ele, ficarão chocados.
O candidato fascista disse, basicamente, que a escravidão é uma farsa e que não há consequências atuais dela na nossa sociedade. Que ele “não tem culpa” e que não foi obra do branco europeu. Leandro Narloch diz a mesma coisa no best seller “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”.  O livro se tornou a base para toda pessoa idiota que quer repetir idiotices sobre a história do país. Boa parte do sucesso da obra se deve à Revista Veja, na qual Narloch trabalhava e que divulgou o livro a exaustão, como uma visão alternativa da história àquela que “os comunistas ensinavam”. Até ano passado, Narloch tinha uma coluna chamada “Caçador de Mitos” no site da revista em que, vejam só, ele caçava notícias “falsas” na mídia, que segundo ele tinham conotação “esquerdista”. Thaís Oyama, chefe de redação da revista Veja, era uma das entrevistadoras do candidato fascista e sua foto horrorizada com a resposta do fascista sobre a escravidão se tornou meme. A chefe da revista que tornou best seller o livro em que o candidato fascista “aprendeu” a sua visão de história agora se diz horrorizada. Algum dos canais de TV a cabo, vejam só, resolveu transformar o livro de Narloch em programa de TV. Vários historiadores deram depoimentos ao canal SEM SABER que era para um programa sobre este livro. Tipo pegadinha. Quando souberam, tiveram que entrar na justiça para impedir que suas imagens fossem utilizadas para propagar um programa sobre um livro que é ridicularizado no meio acadêmico. Este meio, aliás, é predominantemente de esquerda. Na grande mídia, porém, apenas dois historiadores possuem algum espaço, coincidentemente os dois de direita: O “caçador de mitos” Narloch e Marco Antônio Villa. A mídia não se chocou em nenhum momento com isto.
O candidato fascista disse também que iria resolver o problema da Rocinha metralhando. Mais choque entre os jornalistas. Ratinho, há anos, diz que resolveria o problema das cadeias com um botijão de gás. Rachel Sheherazade defendeu a tortura a um menor que havia praticado um furto. Ambos fazem isto na segunda maior emissora de TV do país. José Luiz Datena, quase candidato ao senado por SP, passa as tardes usando o termo “guerra” para se referir à violência urbana nas nossas grandes cidades. Pedindo ação do Exército. A mídia não se chocou em nenhum momento com isto.
O candidato fascista desmereceu o programa de cotas, causando desconforto no jornalista do Globo. Alexandre Garcia, um dos poucos jornalistas da emissora do grupo que possui total liberdade de opinião, disse num editorial que o sistema de cotas estava inventando o racismo no país. A mesma emissora faz uma novela na Bahia praticamente sem atores negros. Não possui praticamente nenhum apresentador negro. A mídia não se chocou em nenhum momento com isto.
Qualquer tentativa de diversificar a mídia era chamada de “censura”. Órgãos de grande mídia agora entram na justiça para impedir que Intercept, El País e BBC trabalhem no Brasil.
O candidato fascista contou um outro monte de mentiras. A Revista Veja de Oyama trouxe em sua capa há alguns anos uma capa que falava que Cuba havia enviado dinheiro para campanhas petistas em caixas de uísque. Era mentira e não houve retratação. A Revista Isto É trouxe na capa da semana anterior à passeata que foi fundamental para a queda de Dilma a delação do ex-senador Delcídio Amaral. Esta delação não foi homologada pela Justiça porque era falsa. Não houve retratação.
O candidato fascista é fruto de anos de histeria antipetista infladas pela mídia. Todos os absurdos que ele diz foram espalhados pela grande mídia por anos com o objetivo de enfraquecer a gestão petista. O Judiciário, diziam, estava sendo “aparelhado”, este mesmo Judiciário que hoje vota contra o PT praticamente sempre. O programa do governo de discutir igualdade de gênero e combater o preconceito nas escolas foi chamado de kit gay e a mídia repetia que “estavam ensinado as crianças a serem gays”.
O candidato fascista é fruto de um processo de emburrecimento e paranoia financiado pela grande mídia, que agora se diz chocada. As mentiras, loucuras e agressões já estavam aí há muito tempo. A mídia lida com o monstro que criou. Thais Oyama deveria enxergar nas asneiras do candidato fascista o “bom serviço” da revista para a qual trabalha. “Deu certo”. O único candidato que venceria o candidato fascista está preso num processo esquisito. O juiz que o prendeu disse que teme que o resultado das eleições possa atrapalhar seu trabalho. A grande mídia ainda não se choca com o juiz que vê na democracia um empecilho. Ainda...

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